Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande lembram dia Nacional com Seminário sobre o Papel dos Sindicatos da Categoria

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 27 de abril de 2015

11144910_749293588524220_6301459015270372832_nO Sindicato das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Domésticos de Campina Grande-PB (Sintrad) e a Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande realizaram neste domingo, dia 26 de abril, o Seminário “27 de abril: desafios da categoria frente à obtenção de direitos e o papel dos sindicatos das trabalhadoras domésticas”. O evento reuniu cerca de 30 pessoas, entre trabalhadoras domésticas sindicalistas e lideranças comunitárias, na sede do Sintrad, no Bairro São José em Campina Grande-PB. O Seminário é alusivo ao Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica, comemorado em 27 de abril.

Participaram do evento o presidente da Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT-PB), Paulo Marcelo, o Secretário de Formação da Federação dos Trabalhadores no Comércio (Fetracom-PBRN), Josivaldo Farias e o Secretário de Formação Sindical da CUT, Joel Carlos do Nascimento, além de representantes do Sindicato da categoria de João Pessoa e do Centro de Ação Cultural – CENTRAC, parceiros na realização do evento.

11027511_749293671857545_6842753272284321194_nA programação foi iniciada com um café da manhã e as boas vindas aos presentes. Em seguida, foi lançado o documentário “Trabalhadoras domésticas em movimento”, produzido pelo Centrac com apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) do Governo Federal, em parceria com o Sintrad e a Associação das Trabalhadoras Domésticas. O vídeo traz depoimentos de trabalhadoras de vários estados do Nordeste, analisando os desafios da categoria e de que forma a luta foi transformando suas vidas e abrindo novos horizontes. “Esse documentário foi produzido bem no momento em que estava sendo criado o Sindicato, por isso, ele tem um significado tão importante para nós”, frisou Mary Alves, coordenadora do Programa Direitos e Igualdade de Gênero do CENTRAC.

10373838_749290465191199_1077544399000707331_nApós o lançamento do vídeo, Chirlene dos Santos Brito, Presidente do SINTRAD, falou sobre o contexto de criação da entidade em 2014: “Como a gente viu no documentário, as vezes um simples panfleto ajuda a trazer as pessoas para a luta. Por isso, o nossos atendimentos aqui no sindicato já estão acontecendo e vamos fazer um chamado para a sindicalização”, afirmou. Em seguida, houve a mesa “27 de abril: desafios da categoria frente à obtenção de direitos e o papel dos sindicatos das trabalhadoras domésticas”, formada pelos representantes da CUT-PB, da Federação dos Trabalhadores no Comércio (FETRACOM) e do sindicato da categoria de João Pessoa. Após a mesa houve um debate, o sorteio de um brinde e encerramento ao meio dia.

11174879_749290541857858_8782504168962389202_nJosivaldo Farias da Fetracom citou Dom Helder Câmara (“Quando dou pão aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque têm fome, me chamam de comunista”) para falar sobre a necessidade de se opor à mentalidade conformista que naturaliza as desigualdades e a opressão. Ele falou ainda sobre as dificuldades iniciais da criação de uma entidade sindical: “A gente pode não estar totalmente satisfeito com a quantidade de pessoas filiadas, mas é preciso lembrar que conquistas enormes na história dos trabalhadores foram alcançadas com muito menos pessoas no início”, disse. Maria das Graças dos Santos, do sindicato de João Pessoa-PB, afirmou que a conquista recente mais importante foi a da fixação de uma jornada de trabalho definida “a gente agora sabe a hora de entrar e a hora de sair, eu digo sempre às trabalhadoras, cobrem as suas horas extras”. A trabalhadora também destacou a evolução na mentalidade das trabalhadoras, que vem adquirindo consciência de classe: “Eu vim do Maranhão há 35 anos para João Pessoa e não tenho uma família lá, então na casa onde eu trabalhava eles diziam que eu era da família, e como eu não tinha uma, eu acreditava, só depois fui ver que aquilo tava errado. Hoje, depois desses anos de sindicato eu percebo que essa realidade está mudando, pois as trabalhadoras pedem material para levar para os seus locais e sempre tem nos procurado em busca de informação sobre os seus direitos”, disse.

Paulo Marcelo, presidente da CUT-PB, destacou o amadurecimento político das trabalhadoras domésticas do estado e lembrou que o momento atual do Sintrad é de fortalecer as bases para o trabalho que virá pela frente: “Fundar um sindicato já foi um sonho que vocês perseguiram, hoje estamos costurando a nossa rede para ‘pescar’ as pessoas, encontrar um jeito, uma metodologia para chegar para as pessoas e trazê-las para a luta. Temos que aproveitar o momento em que o trabalho doméstico está em evidência para falar mais e mais sobre ele e tirar um bom proveito desse momento”, afirmou. Maria José Bezerra de Gois trabalhou como doméstica no Rio de Janeiro por mais de 20 anos, hoje já aposentada, ela continua na luta para ajudar no despertar de outras companheiras: “O mais difícil é chegar para a trabalhadora doméstica e dizer pra ela que ela é gente, porque ela só saber dizer sim, e de cabeça baixa”, afirmou. O seminário foi encerrado com o sorteio de uma rifa que arrecadou fundos para o Sintrad.

11071816_749292618524317_169624794109739175_nSindicato – O Sintrad foi fundado no dia 23 de novembro de 2014 em uma assembleia geral extraordinária convocada pela Comissão Pró-sindicalização, formada pelo grupo de trabalhadoras que está à frente da associação das trabalhadoras desde 2006, com a assessoria do Centrac. A assembleia aprovou a fundação do Sindicato e contou com a participação de cerca de 50 trabalhadoras, além das presenças de representantes da CUT-PB, do Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Agreste da Borborema (Sintab), do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado da Paraíba (Sintep) e dos Sindicatos das Trabalhadoras Domésticas de João Pessoa e Recife.