Crianças e Jovens filhos de agricultores debatem em oficina o tema: “Toda comida alimenta?”.

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 9 de novembro de 2016

dscn9583“Toda comida alimenta?”, este foi o tema do debate entre crianças e jovens, filhos de agricultores e agricultoras familiares do município de Aroeiras-PB, que se reuniram na ultima segunda-feira, 07 de novembro, no salão da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. A oficina faz parte das ações do Projeto “Da Roça à Mesa: Agroecologia e Fortalecimento da Agricultura Familiar nos mercados Locais”, desenvolvido na comunidade pelo Programa de Desenvolvimento Sustentável do Centro de Ação Cultural (Centrac).

dscn9591Participaram da oficina alunos, de 11 a 17 anos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Jardirene Oliveira de Souza e da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Deputado Carlos Pessoa Filho. De acordo com Madelena Medeiros, facilitadora da oficina e coordenadora do Projeto, o objetivo da atividade é contribuir para a formação de jovens multiplicadores, que possam discutir a agroecologia dentro das escolas junto com os professores e alunos. “A feira agroecológica de Aroeiras vai fazer dois anos no dia 10 de Dezembro – Dia Internacional dos Direitos. E, nada melhor que esta data, para ressaltar que alimentação adequada também é direito, e que queremos comida de verdade. Precisamos trabalhar isso com os jovens, com as crianças dentro das escolas e com toda a comunidade, além de dar visibilidade à feira de Aroeiras e à importância dela para o município”, afirmou Madalena.

dscn9592Dando início a oficina, foram apresentados alguns alimentos aos alunos, como frutas, verduras, biscoitos e refrigerantes. O filho de agricultor Eduardo Alves, de 12 anos, logo identificou a diferença entre a comida que alimenta e a que não alimenta: “Manga não é feita em fábrica, a gente pega no pé. E não é como esses outros alimentos industrializados, manga faz bem e todas essas outras frutas também”, disse Eduardo.

dscn9596Em seguida, foi apresentado o vídeo “Comida que Alimenta” que apresenta experiências da agricultura familiar agroecológica, como ela é produzida e as estratégias de comercialização direta produtor/consumidor via Feiras Agroecológicas. Após o vídeo, foi discutida a diferença entre as frutas e verduras dos supermercados e das feiras agroecológicas, como se produz na agricultura familiar e as agressões causadas pelos agrotóxicos à natureza.

Depois do debate, os alunos fizeram a leitura de dois textos, um sobre agroecologia e o outro sobre a origem e os danos causados pelos agrotóxicos. A compreensão da leitura foi apresentada através de desenhos, textos e experiências dos alunos com a agricultura familiar em suas propriedades. “As fezes da vaca dão nutrientes às plantas, a urina da vaca e o fumo servem para matar as pragas das plantações e é um defensivo natural. Você não precisa usar agrotóxicos, só as coisas que tem na natureza”, afirmou Maria Aparecida, 11 anos, mais conhecida como Cidinha.

dscn9605Cidinha é filha de agricultores e também participa com a mãe da feira agroecológica de Aroeiras. Ela vende queijo, doce e bolo na feira, mas conta que adora fazer bolos de laranja, maracujá, banana e mesclado. “Tem um homem que vai na minha barraca e da minha mãe toda semana na feira, mas teve uma semana que ele não foi. Ele disse que não apareceu porque estava doente, comeu uma melancia e passou mal. Eu acho que a causa dele ter passado mal foi o veneno, ele não comprou a melancia na feira agroecológica”, comentou Cidinha.

dscn9618“Se o veneno faz mal ao solo, imagine o que ele faz na gente e, além disso, a rede globo vem apresentando uma propaganda na televisão falando que agro é pop, agro é bom, que agro é tudo, valorizando o agronegócio. Mas bom mesmo é o que o pai de Eduardo, o pai de Roberta, a mãe de Cidinha produzem, sem venenos e transgênicos, sem agredir a natureza, sem agredir os animais e nem as pessoas”, ressaltou Madalena.

Foi discutido ainda na oficina as obrigações do Estado sobre o direito humano à alimentação, de respeitar, proteger, promover e prover uma alimentação adequada e de qualidade. Ao término da oficina foram entregues alguns materiais informativos para os alunos e também para serem entregues nas escolas. Todos também compartilharam de um lanche feito por Cidinha, com bolo e suco.