Catadores/as e parceiros/as avaliam resultados do Projeto Cooperar para Melhor Coletar

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 13 de maio de 2017

Cerca de 70 pessoas entre catadores e catadoras de materiais recicláveis de rua, ou ligados a cooperativas e organizações, representantes de universidades, governos municipais e de entidades de assessoria participaram na sexta-feira, 12 de maio, do Encontro de avaliação e encerramento do Projeto Cooperar para Melhor Coletar, desenvolvido desde 2013 pelo Centro de Ação Cultural – Centrac, em convênio com o Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária – Senaes, nos municípios de Campina Grande, Lagoa Seca e Queimadas, no Agreste da Paraíba.

O encontro teve início com uma apresentação do projeto e seus eixos de atuação, os processos formativos, diagnósticos e uma campanha, em um trabalho que mobilizou mais de 600 catadores nos três municípios. As formações incluíram um curso com dois módulos para 10 turmas, sendo o primeiro módulo sobre economia solidária e o segundo sobre direitos humanos; duas oficinas para 12 turmas, sendo a primeira oficina sobre a gestão municipal dos resíduos sólidos e a segunda sobre aspectos jurídicos para a construção de empreendimentos de catadores e catadores. O projeto conseguiu contribuir com a ida de caravanas da Paraíba para a feira Expocatadores em São Paulo-SP nos anos de 2014 e 2015.

A Campanha “Recicle seu preconceito e o transforme em respeito”, teve o objetivo de sensibilizar a sociedade para o respeito e a valorização do trabalho dos catadores. A campanha foi estrelada por uma catadora e um catador do bairro do Mutirão em Campina Grande e as peças foram veiculadas em outbus, cartazes, VT televisivo e spot radiofônico.

Foram realizados ainda duas publicações uma sobre o conjunto dos processos formativos desenvolvidos no âmbito do projeto e outra com um diagnóstico das condições de vida e trabalho dos catadores e catadoras nos municípios de Campina Grande, Lagoa Seca e Queimadas. Mary Alves, assistente social e coordenadora do Cooperar para Melhor Coletar, ressaltou a importância de levantar informações sobre os catadores que possam ajudar a orientar políticas públicas para a categoria: “Hoje se estes municípios quiserem organizar alguma ação para os catadores, não pode mais dizer que não conhecem, não sabem quantos catadores existem, ou como vivem, porque o projeto deixa esse legado”.

Após a apresentação do projeto, foi exibido o documentário “Catadores de Dignidade”, produzido pelo Centrac que traz uma síntese dos resultados do projeto, com depoimentos de catadores e gestores públicos. Em seguida, o grupo foi dividido em dois para uma avaliação das ações, que foi apresentada em plenária.

Luciene Martins da Silva, da Incubadora de Empreendimentos da Economia Solidária da Universidade Federal da Paraíba – Incubes, falou sobre a importância do projeto no fortalecimento da Rede Lixo e Cidadania da Paraíba – Relici-PB do qual faz parte: “Esse projeto teve um papel fundamental no fortalecimento da Rede Lixo e Cidadania. Nós avançamos no sentido de construir juntos, de entender que sozinho a gente não vai longe, que a luta dos catadores é de todos nós, sociedade. Destacar o caráter do que a gente faz, a diferença entre fazer só aquilo que está no projeto de quando a gente coloca o coração nisso, como foi colocado. Temos coisas muito concretas que a gente fez juntas. O encontro estadual que realizamos juntos. A caravana para a Expocatadores, pela primeira vez conseguimos mandar uma delegação. Isso tudo graças à cooperação com esse projeto. A gente espera continuar colaborando, independente do fim do projeto, pois são relações que ficam para vida”.

Maria Gloriete da Silva Paulo do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – Cerest, falou sobre a importância das parcerias construídas ao longo do projeto: “A gente aqui não está apenas como técnico, mas como humano. Sempre que precisarem estaremos à disposição para orientar, realizar ações interinstitucionais. Essa categoria de catadores de materiais recicláveis, que hoje a gente pode chamar assim, de categoria, é essencial no debate sobre segurança e saúde do trabalho. O Cerest só tem a agradecer. Sempre éramos convidados para as atividades do projeto, podemos ter contribuído pouco, mas estávamos sempre presentes, e esperamos que essa semente que foi plantada continue gerando frutos”, disse.

Também estiveram presentes no encontro representantes do Fórum Estadual de Economia Solidária da Paraíba, como Adriana Elizabete dos Santos, artesã de Campina Grande. Ela frisou a importância do projeto para o Fórum e o avanço na organização da categoria dos catadores: “Esse trabalho ajudou muito para que a gente pudesse se unir.  Antes, nas nossas reuniões, nem sempre a gente via presente os catadores e as catadoras, e hoje eles estão presentes e muito participantes. Enquanto representante do Fórum, em visitas aos empreendimentos, vi como está lindo a organização, os galpões, as cooperativas. O que chamam de lixo tem uma riqueza enorme, eu sei, porque também reciclo no meu trabalho como artesã”, disse.

Os catadores e catadoras participantes falaram sobre os resultados e o impacto do Cooperar para Melhor Coletar, não só na sua organização e na sua renda, mas em sua própria vida, como explica Lourdes Bezerra, da Cooperativa Catamais: “A minha avaliação é a de que este projeto foi muito bom, foi um grande aprendizado a começar pelo microfone, que eu não gostava nem um pouco, e também das câmeras, que eu fui aprendendo e hoje já dou até palestras, antes desse projeto eu não fazia nada disso”.