Banquetaço distribui comida para mil pessoas em protesto contra extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar

Publicado por Aurea Olimpia
Campina Grande, 27 de fevereiro de 2019

Na manhã desta quarta (27) no Centro de Campina Grande-PB, um ‘Banquetaço’ distribuiu alimentos saudáveis e gratuitos para cerca de mil pessoas, em um protesto diferente, contra a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea, segundo um dos dispositivos da Medida Provisória Nº 870, que extinguiu o órgão, publicada no último dia 02 de janeiro pelo novo Governo Federal.

O Banquetaço de Campina Grande foi organizado por um conjunto de entidades com representação no Consea Estadual da Paraíba ou que atuam na causa do direito humano à alimentação, como conselhos de nutricionistas, fóruns e redes de promoção da agricultura familiar e da agroecologia, além de estudantes e professores de nutrição e agroecologia de instituições de ensino da cidade. A manifestação se somou a outras que aconteceram por todo o país, em mais de 40 cidades e cerca de 20 capitais. Em Campina Grande o evento atraiu um grande público à Praça da Bandeira no Centro da cidade, com ato público, panfletagens e atrações culturais, além da partilha dos alimentos.

Os Banquetaços antecedem a votação da MP 870 que deve passar pelo crivo do Congresso Nacional nos próximos dias e chamou a atenção da sociedade para a importância de órgãos como o Consea e seu papel na definição de políticas públicas de promoção do direito humano à alimentação adequada.

Na abertura do Banquetaço em Campina Grande, Waldir Cordeiro, vice-presidente do Consea-PB e integrante da Articulação do Semiárido Paraibano – ASA Paraíba, lembrou da trajetória que deu origem ao Consea, seu significado e suas conquistas: “O Consea vem lá da luta de Betinho (o sociólogo Herbert de Souza) contra a fome, nos anos 90, com o ‘Natal Sem Fome’. Mas nós não estamos tratando apenas de ter o acesso ao alimento, mas também da qualidade desse alimento e da garantia de uma produção agroecológica, diversa, livre de contaminantes, agrotóxicos e transgênicos. E como a comida de verdade chega nas escolas e nas mesas dos brasileiros. Esse é o recado que a gente quer passar”, disse.

Pratos vazios

Doações de famílias agricultoras da região de Campina Grande fizeram com que uma diversidade de alimentos fossem oferecidos no Banquetaço que teve mungunzá, xerém e cuscuz não transgênicos, bolos, biscoitos, sucos de frutas, chás, doces, macaxeira, geleias, queijo, tapiocas, cocadas e frutas.

As mesas com talheres e pratos vazios foram substituídas pelos alimentos, em um gesto simbólico pelos agricultores que fizeram a montagem do banquete. “Este ato se reveste de um simbolismo, pois ao mesmo tempo que estamos denunciando a extinção desse órgão, estamos também distribuindo alimentos produzidos graças às políticas que o Consea foi capaz de propor e articular”, afirmou Madalena Medeiros, do Centro de Ação Cultural – Centrac e da Comissão de Direito Humano à Alimentação do Consea-PB.

Anilda Batista é agricultora do Assentamento Oziel Pereira, município de Remígio-PB, ela faz parte da diretoria da EcoBorborema, uma associação que reúne agricultores feirantes do Polo da Borborema e vem sendo beneficiada com a oportunidade de vender sua produção de alimentos beneficiados como bolos, beijus e tapiocas para o Programa Nacional de Merenda Escola – PNAE, uma das políticas que surgiu da atuação do Consea. A agricultora deu seu depoimento: “Essas políticas fortaleceram muito agricultura familiar, inclusive as feiras agroecológicas como espaços permanentes para a gente vender a nossa produção. Nós que sabemos como essas oportunidades foram importantes para a nossa vida, sabemos que temos muito a perder com a extinção do Consea”, disse.

Em Campina Grande promoveram o Banquetaço o Consea PB, Articulação do Semiárido Paraibano – ASA Paraíba, Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, Conselho Regional de Nutricionistas – CRN 6, MOVER – Frente Social Progressista, curso de Nutrição da UniNassau, UniFacisa e Núcleo de Extensão Rural em Agroecologia da Universidade Estadual da Paraíba – NERA-UEPB e Plataforma Mercosul Social e Solidário – PMSS.