“Eu tenho muito orgulho de seguir esse exemplo de força e de luta que Margarida é para nós. Margarida está viva dentro nós”, a afirmação é de Danielle Pereira, agricultora do Assentamento José Antônio Eufrozino em Campina Grande-PB, durante o encontro de preparação do Fórum de Lideranças do Agreste – Folia, para a Marcha das Margaridas de 2019. O evento aconteceu na última sexta-feira (12) em Campina Grande.
Danielle é a primeira mulher a presidir a associação comunitária do assentamento onde vive que já tem 19 anos de existência. A assentada, assim como outras mulheres integrantes do Folia, se espelha em Margarida Maria Alves, sindicalista de Alagoa Nova-PB, assassinada em 12 agosto de 1983, a mando de usineiros da região, a quem sua luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais incomodava. “Nós, agricultoras, sabemos que para que a semente possa germinar, ela tem que morrer. Então foi isso que aconteceu com Margarida, ela morreu, mas virou semente e se transformou nesse exemplo de luta e coragem”, afirma a agricultora Lita Bezerra, do Sítio Serra Velha, município de Itatuba-PB.
O Folia é um espaço de articulação de agricultores familiares organizados em associações, sindicatos de trabalhadores rurais e pastorais sociais de 16 municípios do Agreste Paraibano. O Fórum é umas das dinâmicas da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) e conta com a assessoria do Centro de Ação Cultural – Centrac, Comissão Pastoral da Terra – CPT e Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM.
Durante o encontro, que também teve a participação de homens, as agricultoras discutiram sobre a história e o legado de Margarida Maria Alves, as razões para marchar, os eixos temáticos e as conquistas das marchas anteriores e da luta das camponesas no campo da saúde, educação, acesso à terra e documentação, apoio à produção, previdência social e enfrentamento à violência. Foram escolhidas ainda os nomes das 15 mulheres do território que participarão do encontro estadual de preparação, que será realizado no dia 18 de julho, em Lagoa Seca-PB e vai escolher a representação da caravana da Paraíba rumo à Marcha.
“A marcha tem um caráter de denúncia, protesto, resistência e proposição. Em alguns momentos que foi possível o diálogo, a proposta foi de negociar com os governos a construção de políticas públicas. Como com este governo isso não é possível, a marcha vai denunciar as violações de direitos e propor a construção de uma plataforma política popular para o país, o que neste momento não temos e é extremamente importante”, frisou Madalena Medeiros, do Centrac. Amélia Marques, do SPM, lembrou do avanço que representou a incorporação de temas como o enfrentamento ao racismo e a LBGTFobia na pauta da Marcha.
A sexta edição da Marcha das Margaridas acontecerá de 13 a 14 de agosto de 2019 em Brasília-DF, com participação de delegações de todos os estados. A expectativa é a de que a capital federal receba cerca de 100 mil agricultoras familiares, camponesas, sem-terra, acampadas, assentadas, assalariadas, artesãs, extrativistas, seringueiras, quebradeiras de coco, pescadoras, ribeirinhas, quilombolas e indígenas.
Com o lema: “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência” a marcha busca conquistar visibilidade, reconhecimento social, político e cidadania para as mulheres trabalhadoras rurais. O evento é coordenado pela A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, suas 27 federações e mais de quatro mil sindicatos.
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