Campanha Recicle Seu Preconceito e o Transforme em Respeito

Um pouco da problemática que envolve a proposta da Campanha:

A atividade de catação de materiais recicláveis se expande com velocidade cada vez maior, articulada com os complexos mecanismos nos quais se encontra engendrada as sociedades contemporâneas, dentre os quais é imprescindível destacar o incentivo e expansão do consumo e a consequente produção de descartáveis, ocasionando uma geração desenfreada de resíduos, que não se faz acompanhar dos necessários mecanismos de gerenciamento da sua produção, tratamento e destinação.

Nas dinâmicas geradas por tais processos, cresce o número de trabalhadores e trabalhadoras que, por perderem seus empregos e ocupações de outrora, ou não conseguirem acessar o mercado formal de trabalho, encontram na atividade de coleta e comercialização uma alternativa de sobrevivência.

Os eventos que acontecem nesse contexto são marcados pela precarização do trabalho e a baixa capacidade de regulação pública sobre os resíduos produzidos, em especial no âmbito dos municípios, refletindo diretamente na ausência de políticas de apoio e proteção aos/as catadores/as.

Apesar de se detectar que 90% do material reintroduzido na cadeia de reciclagem só chegam a esse destino porque os/as catadores/as fazem o trabalho de coleta, dificilmente esses/as ultrapassam o primeiro elo do circuito econômico que gira em torno da reciclagem. Nas ruas ou nos lixões, desenvolvem suas atividades sob o sol e a chuva num ritmo de trabalho que se estende a exaustão física; convivem com o mau cheiro e gases que exalam do lixo acumulado e com a fumaça tóxica produzida pela combustão dos resíduos, com animais que se alimentam do lixo; são expostos/as aos mais variados tipos de resíduos perigosos, como o lixo hospitalar e metais pesados, sob risco de contrair várias doenças, se acidentarem e se contaminarem, situação ainda agravada pelo fato de não fazerem uso de equipamentos de proteção individual.

Homens e mulheres catadores/as sofrem um intenso processo de exclusão em decorrência dos fatores apresentados; são tidos como abjetos e rejeitados socialmente por serem associados/as a sujeira, ao risco de contaminação, ao que representa o lixo para a maioria das pessoas. Trata-se de uma rejeição que reflete diretamente na autoestima desses/as trabalhadores/as. De acordo com pesquisas realizadas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) muitas vezes os/as catadores/as se recusam a sair dos lixões para ingressar em programas organizados de coleta, dentre outras razões, pelo receio de se apresentar nas ruas e serem discriminados/as pela sua ocupação.

As iniciativas visando o enfrentamento das dificuldades têm decorrido basicamente do esforço dos/as catadores/as, como, por exemplo, o reconhecimento pelo Código Brasileiro de Ocupações, no ano de 2002, mas, os efeitos ainda são bem tímidos. Apesar de estarem aquém do potencial que comportam, os números alcançados pela indústria de comercialização e reciclagem de resíduos no Brasil revelam que esta não precisa se dar de forma tão injusta para os/as catadores/as, tornando patente a necessidade de iniciativas que combinem melhores condições de trabalho aos/as catadores/as com a gestão dos resíduos produzidos.A Campanha visa contribuir com a difusão da importância do trabalho que os/as catadores realizam, tanto para a preservação do meio ambiente, quanto para a manutenção de milhares de famílias.A mudança de hábitos para a valorização dos catadores/as passa por uma mudança cultural, que estabelece a responsabilidade compartilhada dos gestores/as públicos, consumidores e produtores pela geração e destinação dos resíduos, como estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/2010.

Objetivos da Campanha:

Geral: Sensibilizar sociedade civil e gestores públicos para a responsabilidade compartilhada da geração dos resíduos sólidos, com atenção para valorização da coleta seletiva e do trabalho dos/as catadores/as.

Específicos:

  • Disseminar informações sobre a coleta seletiva solidária, as formas adequadas de descarte dos materiais recicláveis como meio de fomentar maior nível de educação ambiental da sociedade civil para a responsabilidade compartilhada no descarte correto dos materiais recicláveis nos municípios;
  • Promover o debate com a sociedade civil em geral e gestores/as públicos sobre a importância do trabalho dos/as catadores/as como agentes ambientais no processo de manejo dos resíduos sólidos nos municípios;
  • Fomentar a implementação dos planos municipais de gestão dos resíduos sólidos, com politicas publicas que contemplem a valorização do trabalho desenvolvido pelos/as catadores/as.

Algumas peças da Campanha:

Público :

  • Sociedade civil;
  • Gestores/as públicos municipais;
  • Catadores/as de materiais recicláveis

Publicações: