Arrecadação é recorde mas não beneficia investimentos

Publicado por swadmin
Campina Grande, 20 de julho de 2011

"Pena que esse aumento de arrecadação não vá para o investimento público, e sim para o pagamento de juros", comenta o assessor do Inesc, Lucídio Bicalho.

A arrecadação federal cresceu 12,7% no primeiro semestre, representando recorde. Foram R$ 465,6 bilhões, entre impostos, contribuições federais e receitas previdenciárias. Somente em junho, o governo engordou seus cofres em R$ 82,726 bilhões, um crescimento real de 23,07% ante o mesmo mês de 2010.

O destaque ficou por conta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que, apesar de ter tido a alíquota aumentada para 3% desde abril, viu sua arrecadação crescer 70,76% em junho.

"Pena que esse aumento de arrecadação não vá para o investimento público, e sim para o pagamento de juros, uma conta que continua crescendo e beneficiando os setores mais abastados da população", comenta o assessor de Política Fiscal e Orçamentária do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Lucídio Bicalho.

Segundo ele, o governo pensa apenas em enfrentar a inflação e, ainda assim, não usa os instrumentos adequados. "As medidas de contenção ao crédito não estão surtindo o efeito esperado e tampouco a alta do IOF consegue barrar o capital especulativo. O dinheiro continua entrando via empréstimos intercompanhias e investimento externo direto (IED). Os especuladores encontram brechas", critica.

Para Bicalho, os juros em alta até incentivam o gasto dos rentistas. "O investimento público, se alavancado, poderia contribuir para o aumento da oferta, a melhor maneira de enfrentar os surtos inflacionários", opinou. O técnico do Inesc disse também que a taxa de juros não tem efeito sobre os preços de serviços, reajustes de funcionários e commodities, por exemplo.

Fonte: www.inesc.org.br