Violência contra a mulher: Comitê Ana Alice acompanha Audiência do Caso Antônia

Publicado por Aurea Olimpia
Campina Grande, 29 de novembro de 2013

Representantes do Comitê de Solidariedade Ana Alice acompanharam na manhã desta quinta-feira, 28 de novembro, no Fórum da Comarca de Queimadas, a audiência de instrução do caso de Antônia Rodrigues de Sousa Duarte. A dona de casa de 39 anos foi uma das vítimas de Leônio Barbosa de Arruda, que também é acusado do homicídio da jovem Ana Alice de Macedo Valentim, agricultora e militante do Polo da Borborema, que em setembro de 2012 foi sequestrada, violentada e brutalmente assassinada aos 16 anos, quando voltava da escola. Antônia, ou “Tana” como é conhecida, sobreviveu ao sequestro e a tentativa de homicídio praticadas por Leônio em outubro de 2012, um mês após o desaparecimento de Ana Alice.

DSC00333O caso – Por volta das 17h, a dona de casa fazia uma caminhada pelas redondezas de sua residência, na zona rural do município de Caturité, a 16km de Queimadas, quando foi abordada pelo vaqueiro de 22 anos, que armado com uma espingarda calibre 12 a obrigou a entrar no veículo que conduzia e, após mantê-la em seu poder por algumas horas, a agrediu violentamente, chegando a amputar parcialmente a orelha direita da mulher, fazendo-a perder os sentidos. Ao acreditar que sua vítima estava morta, ele a jogou em um buraco de uma caixa d’água e fugiu. Mesmo gravemente ferida e muito abalada, na manhã do dia seguinte a mulher conseguiu reunir forças para sair do local onde foi jogada e buscar ajuda. Foi graças à sua denúncia que o seu algoz foi preso e acabou confessando ainda o estupro e assassinato de Ana Alice. O criminoso indicou ainda o local onde o corpo da jovem estava enterrado, pondo fim à busca desesperada da família pelo paradeiro da adolescente.

Foi graças à coragem de Antonia, que quase teve o mesmo destino de Ana Alice, que este criminoso pode ser preso. “Não tenho ódio por ele, porque o ódio não leva a nada. Tenho sim, o sentimento de justiça, de querer que ele pague por todos os seus erros, porque um homem desses é um perigo para a sociedade, eu tenho certeza de que ele não se recupera nunca”, diz ainda emocionada, Tana, que durante a audiência contou em depoimento toda a violência que sofreu.

Desde então o Comitê de Solidariedade Ana Alice, formado por um conjunto de entidades de defesa dos direitos das mulheres e de trabalhadores rurais, tem somado esforços e se mobilizado no acompanhamento do caso e na cobrança firme às autoridades para que estes e outros crimes contra a mulher não fiquem impunes. O Comitê já realizou mobilizações, caminhadas e protestos em frente ao Fórum exigindo justiça. “Nós nunca pensamos em vingança, a única coisa que a gente quer se chama ‘justiça’. Pra isso a gente paga impostos altíssimos, para que o nosso direito enquanto cidadão, seja preservado”, afirma Sônia de Sousa, irmã de Antônia.

DSC00335Na audiência, foram ouvidas, além da vítima, quatro testemunhas, sendo elas o ex-marido de Tana, um sobrinho, um irmão e uma vizinha, todos prestaram informações sobre o carro utilizado pelo acusado, visto rondando a comunidade no dia do fato. Em seguida procedeu-se ao interrogatório do acusado, que confessou a prática dos crimes.

Os advogados Claudionor Vital Pereira, José Ricardo Pereira e Jairo de Oliveira Souza, do Centro Popular de Assessoria Jurídica (CEPAJ), que são assistentes da acusação no Caso Ana Alice, foram contratados pela família da vítima para acompanhar também a acusação do caso Tana.

De acordo com o advogado Claudionor Vital, a audiência desta quinta-feira serviu para colher provas, por meio da oitiva de testemunhas, que vão instruir o processo em que Leônio é acusado formalmente de tentativa de homicídio e sequestro para fins libidinosos. Ainda de acordo com o advogado, o próximo passo será a fase das alegações finais da acusação e da defesa, e, em seguida, o processo será encaminhado à juíza para proferir a sentença, e, sendo o réu pronunciado, será submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, fase final do processo. “No depoimento o acusado confessou os crimes, negando apenas a intenção de matá-la, mas pelas provas técnicas colhidas, ficou comprovada a tentativa de homicídio, então nossa expectativa é que ele seja pronunciado e submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri e, ao final, condenado pelos crimes que cometeu, cujas penas vão de 12 a 30 anos, diminuída de um a dois terços, no caso da tentativa de homicídio, e de 2 a 5 anos, no caso do sequestro para fins libidinosos”, afirmou o advogado.

O promotor de justiça Márcio Teixeira Albuquerque é o responsável pelo caso.