Seminário reúne em Campina Grande gestores públicos, entidades de assessoria e catadores para discutir a inclusão socioeconômica da categoria.

Publicado por Suzana Araújo
Campina Grande, 16 de junho de 2014

O seminário: “Desafios para Inclusão socioeconômica dos Catadores na Política Municipal de Resíduos Sólidos” reuniu no último sábado, 14 de junho, 180 pessoas entre catadores e catadoras de materiais recicláveis, gestores públicos, representantes de entidades de assessoria, lideranças comunitárias, estudantes e pesquisadores da temática no auditório do Centro de Tecnologia Professor Severino Lopes Loureiro, no Centro de Campina Grande.

Participaram da mesa de abertura as catadoras Maria de Fátima Gonçalves Rodrigues catadora avulsa de Campina Grande e Egrinalda dos Santos Silva de João Pessoa, representante do Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis no estado, que deram as boas vindas ao público do seminário. Mary Alves, coordenadora do Projeto “Cooperar para Melhor Coletar: ações de contribuição para melhoria das condições de vida e trabalho dos/as catadores/as”, que promove o seminário, fez uma apresentação das ações e objetivos da iniciativa. Mary destacou a importância da abertura dos espaços de diálogo que vêm sendo construídos no âmbito do projeto, tanto com governos, como com a sociedade: “Nossa intenção é apoiar os municípios para que implementem políticas públicas que beneficiem e incluam os catadores. Queremos ainda que a população conheça e valorize esse trabalho, por isso estamos sempre fazendo esse diálogo com os gestores públicos por meio de audiências e reuniões, também lançando campanhas educativas para sensibilizar o conjunto da sociedade”, afirmou.

Em seguida, uma mesa redonda contou com a participação de Maria Madalena Rodrigues Duarte Lima, do Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis; Ana Virgínia Guimarães, da Rede Lixo e Cidadania da Paraíba (RELICI-PB) e Denise de Sena Moreira, Coordenadora do Meio Ambiente de Campina Grande, que representou o Secretário Geraldo Nobre, da Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SESUMA) de Campina Grande.

Madalena Duarte apresentou a experiência da Cooper (Cooperativa de Trabalho e de Reciclagem Ltda.), de Itaúna, Minas Gerais, criada há 15 anos, que atualmente é responsável pela gestão de materiais recicláveis dentro da política de gestão dos resíduos sólidos do município, por meio de um contrato com a Prefeitura. Segundo Madalena, a realidade atual só foi possível porque o gestor público percebeu que só tinha a ganhar, tanto economicamente, quanto politicamente com a atenção para esse tema.

A liderança, que dos sete aos 39 anos de idade trabalhou em lixões, afirma que, assim como o meio ambiente precisa de certas condições para se renovar, as pessoas também precisam de apoio para renovar as suas vidas, mas para isso é necessária a união e a organização da categoria: “Nós do movimento temos um desafio muito grande, que é convencer os nossos companheiros que não dá mais para os catadores continuarem desorganizados. Para que o nosso trabalho vire negócio, é junto. Para ganhar política pública, é junto. A gente não pode esperar que um técnico venha e faça as coisas que nós precisamos, somos nós quem vamos fazer, ninguém vai fazer por nós  e, para isso, precisamos estar unidos e se capacitando sempre, se não a gente não consegue avançar”, disse Madalena.

José Miguel Maranhão tem 57 anos e trabalha como catador desde 2002, na comunidade do‘S’, próximo ao antigo Lixão do bairro do Roger, em João Pessoa. Ele conta que, há sete anos, ajudou a criar a Associação de Catadores do Roger (ASCAR) que ele hoje preside. O catador exalta a importância de momentos como o do seminário: “Nós lá estamos esse tempo todo lutando por um galpão pra trabalhar e não conseguimos nada do poder público. Aqui eu tô podendo falar com outros companheiros meus, que passam pelo mesmo problema que eu”.

Lançamento – Durante o seminário foi lançada ainda a Campanha “Recicle o seu preconceito e o transforme em respeito”, criada no âmbito das ações do “Cooperar para melhor coletar”. Representantes da Agência CaféCom, responsável pela criação da Campanha juntamente com uma educadora do projeto, apresentaram o conceito criativo e as peças (spots de rádio, cartazes, cartilhas, outbuss e VT) todos estarão sendo veiculados nas ruas, na TV e no Rádio a partir da próxima semana. Os dois catadores que protagonizam as peças da campanha Cecília Sousa e Wallison Gomes Santosfalaram da satisfação em representar a sua categoria em uma campanha de conscientização da sociedade encerrando o evento.

Seminários como este estarão acontecendo também em Lagoa Seca e Queimadas, municípios onde o projeto também atua. O ciclo de seminários e a campanha são ações do “Cooperar para Melhor Coletar”, promovido pelo CENTRAC com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES).