Cerca de 30 trabalhadoras domésticas ligadas à Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande participaram, na manhã do último domingo (20), da Oficina de Formação Sindical, realizada pela entidade em sua sede, no bairro do São José. A atividade contou com a assessoria de Joel Carlos do Nascimento, Secretário de Formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Paraíba e Josivaldo Farias, Secretário de Formação da Federação dos Trabalhadores no Comércio (FETRACOM). A oficina aconteceu em parceria com a CUT Paraíba, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (CONTRACS) e com o Centro de Ação Cultural (CENTRAC), por meio do Programa Direitos e Igualdade de Gênero, que desde 2006 assessora a Associação.
A atividade foi iniciada com as boas vindas da diretoria da associação e, em seguida, Mary Alves, coordenadora do Programa Direitos e Igualdade de Gênero do CENTRAC fez um resgate do processo de articulação com as centrais sindicais, que já ocorre desde a preparação para o Encontro Regional de Articulação das Trabalhadoras Domésticas do Nordeste, realizado no mês de março deste ano em Campina Grande.
Iniciada a oficina, as trabalhadoras foram convidadas a se apresentar e a falar sobre o tipo de trabalho que realizam, se o seu vínculo é formal ou informal, bem como a anotar as suas expectativas para o evento. Joel Carlos falou sobre o compromisso e a legitimidade necessários para ser dirigente um sindical. As participantes foram ainda convidadas a construir o conceito sobre o que seria um sindicato e o que mais é necessário para ser um dirigente sindical.
Foram apresentados os passos para a sindicalização, que começam pela constituição de uma comissão pro-formação do sindicato, a publicação da chamada ou edital de convocação para a assembleia de fundação, que uma vez aprovando a criação da entidade, parte-se para os encaminhamentos e procedimentos legais que envolvem cartório, Receita Federal e Ministério do Trabalho.
As participantes da oficina assistiram a um trecho do filme “Vida de Inseto”, que trata sobre a organização das formigas operárias e foram convidadas a fazer a reflexão sobre que elementos do vídeo nos remetem a situação do nosso dia-a-dia. Josivaldo Farias destacou a situação diferenciada das trabalhadoras domésticas frente à sindicalização, pela série de desafios que a categoria ainda enfrenta, seja na luta pela equiparação de direitos, seja pela falta de liberação para as atividades sindicais: “A situação das trabalhadoras domésticas é desafiadora para todo o movimento sindical, mas é preciso não perder de vista uma coisa que todo sindicalista deve ter, a sua consciência de classe. Como vimos no vídeo, temos que pensar: quem precisa mais de quem? A nossa união é a nossa força”, afirmou o sindicalista.
Duas representantes do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de João Pessoa e Região estiveram presentes na atividade. Rita Maria de Jesus é sócio fundadora daquela entidade e relembrou a trajetória do sindicato da categoria na Capital, que se iniciou em 2005, com apoio da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres e da Associação de Campina Grande: “Vocês ainda estão melhores que nós, pois na época saíamos de uma associação de ‘pernas quebradas’ para a fundação do sindicato. Aqui a gente sabe que a associação de vocês está ativa. Fico muito feliz com a fundação do sindicato, mas não se enganem companheiras, não é fácil, a luta é muito pesada”, afirmou a dirigente.
Chirlene dos Santos Brito, atual presidente da associação, compartilhou os desafios que as trabalhadoras tem enfrentado em Campina Grande, mas também ressaltou as conquistas e os passos que foram dados até aqui. Helena dos Santos, integrante da Diretoria da Associação destacou o papel da entidade, que com a fundação do sindicato não deve deixar de existir, mas, segundo ela, somar forças em defesa da categoria. Ela destacou a importância de formações como esta para animar a luta: “Aqui nós não podemos esquecer os desafios, mas queremos que esse momento seja uma verdadeira injeção de ânimo em nós, precisamos estar juntas e acreditando que nossa vida pode melhorar e nossos direitos podem ser conquistados”, frisou a liderança.
A oficina é uma das ações do projeto “A luta continua: trabalhadoras domésticas na busca pela efetivação do trabalho decente e garantia dos direitos humanos no Estado da Paraíba”, apoiado pelo Fundo Brasil Direitos Humanos (FBDH). O projeto está sendo desenvolvido pela Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande em parceria com o Centrac e tem, entre os seus objetivos, a fundação do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas no município, com o apoio da atual diretoria da Associação. A oficina se insere no processo de formação sindical prévio para a formação do sindicato.