No dia 23 de novembro, na sede da Associação das Trabalhadoras de Campina Grande, uma assembleia geral extraordinária convocada pela Comissão Pró-sindicalização, aprovou a fundação do Sindicato das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Domésticos de Campina Grande-PB, o Sintrad. A Assembleia contou com a participação de cerca de 50 trabalhadoras e com as presenças de representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PB), do Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Agreste da Borborema (Sintab), do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado da Paraíba (Sintep) e dos Sindicatos das Trabalhadoras Domésticas de João Pessoa e Recife.
A assembleia foi iniciada em última chamada, às 9h, com a abertura feita por uma trabalhadora doméstica com a leitura da pauta da assembleia. Em seguida, Nila Cordeiro dos Santos, do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Recife, fez uma fala em que lembrou do início da organização e da luta da categoria no Brasil, com Laudelina de Campos, em Santos-SP, e do período da fundação da Associação das Domésticas de Campina Grande. Nila também lembrou do desafio de se tornar sindicato: “Nós somos muito ousadas, fomos associação por ousadia e hoje somos sindicato por ousadia. Não é fácil, mas a chave é a união. Quando a gente tem uma ideia, união e confiança umas nas outras, a gente não desiste nunca. Aqui não estamos lutando contra patrão, estamos lutando contra a opressão”, disse.
Em seguida, foi feita a leitura do edital de convocação da assembleia e logo depois, foi feita a apresentação da proposta de estatuto para o novo sindicato, pelo assessor jurídico da Associação, Claudionor Vital, e por Chirlene dos Santos Brito, da diretoria da Associação. Após a aprovação do estatuto, que contém a estrutura organizativa do sindicato, foi feita a apresentação da chapa, com a seguinte composição: Chirlene dos Santos Brito, na presidência; Maria do Socorro Silva, na vice-presidencia; Vitória Dionísio, na Secretaria-Geral; Marinalva Silva Sousa, na Secretaria de Finanças e Controle; Josefa de Fátima Justino, na Secretaria de Formação Sindical; Renally Laís Silva, na Secretaria de Comunicação; e Maria Silvana Rodrigues da Silva, na Secretaria da Mulher.
No Conselho Fiscal estão Maria da Paz Rodrigues, Leda Barbosa e Maria das Graças C. da Silva. A chapa apresentada foi eleita por aclamação, para um mandato de três anos. Todos os cargos são voluntários e os nomes foram indicados pelos quadros da Associação das Trabalhadoras Domésticas que atuam desde a reabertura da entidade em 2006. O Sintrad – CG, será sediado à Rua Sulpino Colaço, 23, Bairro São José, em Campina Grande. Na ocasião, foi votada e aprovada ainda, a proposta de filiação do Sintrad à CUT, à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (Contracs) e integração à base dos sindicatos ligados à Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad).
Na Assembleia foi apresentada e aprovada a proposta de logomarca para o Sintrad, uma criação da agência Café com Propaganda, apoiada pelo Centro de Ação Cultural (Centrac) que assessora a Associação, desde sua reabertura. Marinete Jacinta da Conceição, uma das fundadoras da entidade, esteve presente à assembleia e saudou a iniciativa da criação do sindicato: “Pra mim é uma honra estar aqui, depois de tanta espera, ver a criação deste sindicato. A gente só aprova porque dá crédito, é claro que vocês não vão vacilar, vocês são na verdade umas heroínas”, disse a veterana na luta da categoria.
Estiveram presentes na atividade, trabalhadoras representantes de lavanderias públicas de bairros de Campina Grande, segmento da categoria que até então não estava integrado à Associação. Maria Josilene Farias da Silva é vice-presidente da Lavanderia do Bairro do Cruzeiro, participou pela primeira vez de uma atividade como esta e pretende se filiar ao novo sindicato: “A gente até escuta falar da trabalhadora doméstica, mas da lavadeira ninguém fala. Por isso, a gente quer conhecer mais, se filiar e quem sabe estar aqui daqui a três anos, brigando com uma nova chapa”, afirmou a trabalhadora.
Pode se filiar ao sindicato, qualquer trabalhadora da categoria, maior de 18 anos, que não esteja afastada de suas funções por mais de seis meses e que esteja gozando de todos os seus direitos legais. De acordo com a diretoria do novo sindicato, as duas entidades, sindicato e associação, vão coexistir no município, por terem papéis distintos e contribuírem juntos, para a melhoria das condições de vida e trabalho da categoria.
Joel Carlos do Nascimento, Secretário de Formação Sindical da CUT, saudou a iniciativa da fundação do entidade: “Queria expressar a nossa satisfação em ver tanta gente reunida em uma assembleia de uma categoria com tantas dificuldades para se organizar como a de vocês. A organização de vocês não começou hoje, mas vocês estão começando em alto nível, enquanto sindicato, estão dando um passo muito importante”, afirmou a liderança sindical.
Franciele Santos, assistente social e educadora do Programa Direitos e Igualdade de Gênero, do Centrac, finalizou reafirmando o apoio da entidade com os novos desafios da categoria em Campina Grande: “No dia de hoje nós reafirmamos o nosso compromisso enquanto assessoria em fortalecer o sindicato e continuar apoiando a luta das trabalhadoras domésticas, inclusive no esforço para trazer novas trabalhadoras”, afirmou.