O Fórum de Lideranças do Agreste (FOLIA) realizou no dia 13 de fevereiro, no Centro Diocesano do Tambor em Campina Grande, o seu primeiro Encontro Territorial do ano e planejamento das ações para 2015. Participaram do evento cerca de 50 lideranças dos 11 municípios que compõem o FOLIA e representantes das entidades de assessoria Serviço Pastoral do Migrante (SPM), Centro de Ação Cultural (CENTRAC) e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A programação foi iniciada com uma mística de abertura, onde os participantes foram convidados a refletir sobre o significado da água para a vida no Semiárido, ao som da música “Água de Chuva”, de Roberto Malvezzi.
Em seguida, Wellington Barbosa, educador da CPT fez um resgate histórico do Fórum, desde o surgimento do trabalho no território do Agreste, por municípios como Aroeiras e Mogeiro. Wellington destacou o papel das mulheres na fundação do FOLIA: “O FOLIA surgiu graças às mulheres, elas foram muito corajosas. Foram elas que foram bater de porta em porta, mobilizando as famílias e fazendo com que o os programas de cisternas avançassem”, disse.
O educador ressaltou o amadurecimento que o Fórum conquistou nos últimos anos e disse que os erros foram fundamentais nesse processo: “Minha mãe sempre disse que a gente aprendia apanhando, e com o FOLIA foi exatamente assim, todo o nosso aprendizado foi conquistado na luta. Sempre usamos da solidariedade para vencer momentos difíceis no passado. Os desafios não terminaram, mas muito já foi caminhado e hoje as cisternas não são a nossa única prioridade de discussão, os municípios estão fortalecidos”, avaliou.
No segundo momento, foi utilizada a metodologia do carrossel para trabalhar três temas centrais: água, sementes e formação/articulação. O grupo maior se dividiu em três e cada grupo levantou atividades realizadas e avanços e desafios dentro de cada uma dessas temáticas. Em seguida, houve a socialização, seguida de debate em plenária.
Entre os principais resultados do conjunto do trabalho no ano de 2014 foram destacados o aumento da produção, o fortalecimento do território, a diversificação produtiva dos quintais, o uso mais racional da água e quantidade armazenada (mais de 320 milhões de metros cúbicos), a criação de feiras agroecológicas no território, a produção de biofertilizantes, o resgate das farmácias vivas, melhoria na renda, a valorização e o fortalecimento dos bancos de sementes comunitários e o mapeamento dos guardiões e guardiãs de sementes da região, entre outros.
Valorização das mulheres – Outro avanço lembrado foi a valorização do papel das mulheres agricultoras. Maria José Rodrigues, do Assentamento Dom Marcelo, em Mogeiro-PB, disse que o trabalho tem ajudado as mulheres a sair do isolamento: “Antes a gente vivia mais em casa, hoje a gente sai, troca conhecimento, nos cursos, nos intercâmbios. Pra mim foi uma grande avanço, eu ter uma criança doente em casa, ir lá no meu arredor de casa, pegar uma remédio natural e curar aquela doença”, disse a agricultora.
Durante o debate e nos grupos, foram levantados ainda desafios para o ano de 2015, entre estes, estão: o preconceito contra as mulheres que ainda persiste, a preservação do solo, a conscientização sobre o não uso do veneno, o destino do lixo, o reaproveitamento da água e o desmatamento.
O evento foi concluído com os encaminhamentos para os desafios levantados e a definição de uma agenda comum de atividades do FOLIA e da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) rede na qual o fórum está inserido.