A Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande realizou no último domingo (19), a primeira cine-oficina do Projeto “Tecendo Caminhos para a Conquista de Direitos e Valorização das Mulheres Negras”. A atividade reuniu cerca de 20 trabalhadoras na sede da entidade no bairro do São José em Campina Grande e marcou o inicio de um ciclo de oficinas de formação para o empoderamento de mulheres negras. Na primeira oficina o grupo assistiu à reportagem especial “Ecos da escravidão” produzida pela TV Brasil em homenagem aos 127 anos da Lei Áurea para o programa “Caminhos da Reportagem”. Após o vídeo, as participantes se dividiram em dois grupos para responder às seguintes questões propostas: O que mais lhe chamou a atenção no filme? O que podemos apontar como mudanças na vida das pessoas negras nos dias atuais? Como poderíamos trabalhar essa temática nas escolas?
A oficina foi facilitada por Chirlene dos Santos Brito, Marinalva Silva e Maria do Socorrro Silva, integrantes da Associação das
Trabalhadoras Domésticas com o apoio das educadoras do Programa Direitos e Igualdade de Gênero do Centro de Ação Cultural (Centrac). Os grupos sugeriram utilizar o vídeo como ferramenta de sensibilização sobre a temática, além de rodas de conversa, panfletagem e atividades por escrito nas oficinas que serão desenvolvidas através do projeto em algumas escolas públicas de Campina Grande.
Maria de Fátima Silva de Sousa tem 59 anos e conta que, desde criança, sempre trabalhou no trabalho doméstico, hoje ela desenvolve a função de lavadeira de roupas e catadora de materiais recicláveis, mas nunca teve direitos trabalhistas: “Hoje eu tenho muitos problemas de coluna, devido ao serviço pesado, perdi meus pais muito cedo e por isso tive que ir à luta, trabalhar. Eu gosto muito dessas reuniões, dessas formações, eu nunca perco”.
O Projeto da Associação tem como objetivos contribuir no empoderamento e fortalecimento político das trabalhadoras domésticas para combater as opressões destinadas as mulheres negras, colaborando para a desconstrução da cultura promotora da discriminação e exclusão das mulheres negras junto às trabalhadoras domésticas, estudantes e a sociedade em geral.
A iniciativa tem o apoio do Projeto “Mulheres Negras e Populares Traçando Caminhos e Construindo Direitos” da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, financiado pela União Europeia.