Cerca de 20 catadores e catadoras de materiais recicláveis integrantes de cooperativas de Campina Grande participaram da segunda e última oficina do Projeto “Cooperar para Melhor Coletar: ações de contribuição para a melhoria das condições de vida e de trabalho dos catadores e catadoras dos municípios de Campina Grande, Queimadas e Lagoa Seca”, desenvolvido pelo Centrac em convênio com o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), desde 2013. A oficina foi realizada no dia 03 de março, na sede do Centrac e é em continuidade da primeira oficina, realizada em setembro de 2014.
A programação foi iniciada com a apresentação dos participantes e uma rápida dinâmica de
integração. Após isso, os participantes assistiram a um vídeo curto sobre o trabalho coletivo e debateram acerca das questões: “Por que trabalhamos em grupo?”. “Quem está coletando isolado, sozinho na rua, tem a mesma condição de quem está em uma cooperativa?”. Aconteceu então uma rodada de debate entre os participantes. “Como é que tem força sem união? Não pode. Até o sucateiro depende da gente, se não tivesse os catadores, como ele ia ter o negócio dele? Se Deus quiser, as toneladas de material que a gente tira das ruas vai ser pago (pelo poder público)”, disse Maria José Pereira, conhecida como “Preta”, cooperada da Associação de Trabalhadores de Recicláveis Nossa Senhora Aparecida (Arensa).
“Solidariedade”, “respeito”, “união”, “assessoria técnica”, “pontualidade”, “seguir as regras”, “não existe patrão”, foram alguns dos aspectos necessários para a formação de uma cooperativa levantados pelos catadores e catadoras.
Foram trabalhados ainda os princípios do cooperativismo: adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica dos membros; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação e interesse pela comunidade. “Os princípios funcionam como um farol na nossa vida, desde cedo a gente aprende que não pode matar, então ninguém aqui nunca matou ninguém, porque desde cedo a gente tinha essa regra na nossa cabeça. Com os princípios do cooperativismo é da mesma forma, eles servem para nos dar um norte, de como agir e como fazer as coisas”, afirmou Mary Alves, assistente social e coordenadora do Projeto “Cooperar para Melhor Coletar”.
Franciele Santos, assistente social e educadora do projeto “Cooperar para Melhor Coletar”, frisou que existe uma
diversidade de cooperativas de médicos, de serviços, porém nem todas seguem os princípios da economia solidária, por isso é importante entender o trabalho realizado enquanto prática da economia solidária. “O que vocês tem é uma empresa, mas não como uma empresa qualquer, pois todos ganham igual, o que é arrecadado é dividido por igual, e as decisões são coletivas”, completou Lissandra Monteiro Herculano, educadora do “Cooperar para Melhor Coletar”.
Em um segundo momento, os catadores e catadoras viram os passos para a formação de um empreendimento solidário, em cada passo, bem como os aspectos econômicos e financeiros da gestão da cooperativa ou associação.
O período da tarde foi dedicado à discussão sobre o trabalho em rede através da CataPB, os catadores e as catadoras levantaram os desafios: dificuldade de tomar decisões e de articulação entre as cooperativas, a comunicação entre os grupos, articulação dos grupos para as negociações, a comercialização em rede de fato, administrar os custos e as despesas, entre outros. A partir destes desafios discutiu-se estratégias para a comercialização em rede com vistas a aumentar a oferta de material e melhorar o preço do material vendido.
A oficina foi encerrada com uma avaliação e o agendamento de uma data para discussão do contrato de prestação de serviços que os catadores deverão firmar com a gestão pública municipal.