Agricultores, catadores e artesãos participam do ultimo módulo do processo formativo voltado a empreendimentos econômicos solidários do Agreste.

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 21 de fevereiro de 2017

DSCN0071Nesta segunda-feira, 20 de fevereiro, cerca de 30 agricultores e agricultoras familiares, catadores e catadoras de materiais recicláveis e artesãos e artesãs participaram do ultimo módulo do processo formativo voltado aos empreendimentos econômicos e solidários da região agreste da Paraíba. A atividade ocorreu na sede Centro de Ação Cultural (Centrac) e o tema abordado foi “Precificação para produtos da Economia Solidária”.

O processo de formação é uma iniciativa do Fórum Regional de Economia Solidária do Agreste em parceria com o Centrac e a Incubadora de Empreendimentos Econômicos Solidários (IUESS) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que durante os meses de agosto de 2016 e fevereiro de 2017 abordaram temas como economia solidária e autogestão; comércio justo e solidário; associativismo e cooperativismo e gestão e planejamento, comércio justo e consumo consciente, envolvendo os segmentos de catadores/as, agricultores/as e artesãos/ãs que integram o Fórum.

DSCN0080Dando início a atividade, Adriana Meira da Associação de Mulheres de Campina Grande (AMA-CG) falou sobre as agendas e informes do Fórum Regional de Economia Solidária do Agreste.  Em seguida, o grupo fez uma avaliação sobre os avanços e desafios durante o ano de 2016, discutindo também sobre a programação alusiva ao dia “D” de Economia Solidária realizada em dezembro de 2016 e sobre a feira que aconteceu nesse mesmo período, em que apontaram a necessidade ser realizada com frequência. “Lá na Vila do artesão a gente tem uma organização, tem um ponto de encontro, tem clientes certos. Mas a gente precisa de feiras pra mostrar nosso trabalho e dar mais visibilidade à economia solidária”, disse a artesã Inácia de Freitas, do Grupo Pastoral Operária.

Franciele Santos, da equipe do Centrac e integrante do Fórum, também pontuou algumas questões que serão discutidas durante a reunião da coordenação do Fórum Estadual de Economia Solidária em João Pessoa.  “No dia 23 de março, vamos participar da reunião do Fórum Estadual e um dos pontos que vamos discutir é sobre o Centro Público, vamos entender como será a inserção dos grupos nesse espaço e também vamos discutir sobre o Plano Estadual de Economia Solidária, que foi construído com todos que estão aqui e precisamos garantir os resultados desse plano na prática”, afirmou Franciele Santos.

DSCN0082Para dar início ao tema “Precificação para produtos da Economia Solidária”, Mario Henrique da IUESS pediu que os/as participantes se dividissem em grupos para responder a quatro questões: como o grupo define o preço do que vai vender; Quem é que define o preço dos produtos, o grupo ou o mercado?; O preço está relacionado com alguma estratégia de conquistar o cliente? E qual é o perfil do publico que o produto é vendido.  Mário ainda lembrou a todos sobre a importância de se colocar no lugar do/a consumidor/a para poder pensar em um preço justo e também nas formas de esclarecer o cliente sobre o porquê de o produto ter um determinado valor.

“Na agricultura, a gente tem que analisar a despesa da produção. Além das embalagens, do transporte, da sacola e do tempo de trabalho. O produtor define o preço, mas o mercado influencia. A gente também tem que ter uma boa higienização, uma embalagem bonita, sabor e aroma. E ainda um bom atendimento, porque o nosso público é bem diversificado”, afirmou a agricultora Jaqueline Galdino, do Assentamento José Antônio Eufrozino.

Para a artesã Socorro Moraes, do Grupo Unidos pela Arte, colocar o preço nas peças de artesanato é bem complicado, devido a quantidade de variedades produzidas. “Uma peça às vezes dura um dia para ser feita, outras duram 10 dias. Daí a gente analisa o gatos da matéria prima e calcula as horas de trabalho”, ressaltou a artesã.

DSCN0083No segundo momento, foi proposto aos grupos que escolhessem dois produtos para venda, explicando os gastos com a produção e o valor final do produto. O grupo de catadoras de materiais recicláveis fez uma média do valor da prestação de serviço que será proposto à prefeitura municipal de Campina Grande, incluindo todas as despesas com o galpão, transporte, alimentação, salário de cada catador/a, água, luz, entre outros. “Como a gente não vende nenhum produto, a gente calculou o preço da prestação de serviço que será oferecido à prefeitura, pelo trabalho que a gente faz no município de coleta seletiva. Se ela pode pagar a uma empresa por fazer a coleta, a gente também quer que nossos direitos sejam garantidos por fazer a coleta seletiva também, falou a catadora Lucicleide Henrique, da Cooperativa dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis (COTRAMARE).

Um dos produtos apresentados pelo grupo de agricultores foi o queijo de qualho, que custa 18 reais, um kilo.  “A gente faz o queijo, faz a manteiga e no final o soro vai para os porcos. Mas é um produto que move muitas coisas, tem a mão de obra, tem o capim para a vaca, a palma, a sacola, a transporte para comprar o material. Com isso a gente vê que não pode baixar o preço do produto e eu explico aos meus clientes isso”, contou a agricultora Jaqueline.

DSCN0092“A gente não pode comparar um produto que a gente vê no mercado com um produto que vocês estão produzindo, porque lá é tudo industrial, aqui é manual. A valorização do produto tem que começar por vocês, se ficarem pensando que não vão colocar o um determinado  valor porque as pessoas não vão comprar, desvaloriza o produto. A economia solidária é diferente, não tem exploração de crianças, nem de idoso, não tem exploração humana e para que o preço seja justo, temos que considerar as necessidades da pessoa que o está produzindo”, afirmou Franciele.

As atividades do Fórum acontecem sempre na terceira segunda-feira de cada mês. A próxima data está prevista para o dia 20 de março.