Na tarde de 23 de julho, quinta-feira, foi realizado um Encontro Virtual de Formação para Professores/as, Técnicos e/as Gestores/as da Educação do Campo, promovido pela Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Campina Grande-PB. A atividade contou com cerca de 70 participantes da rede pública escolar.
Estavam presentes o secretário de educação Rodolfo Galdêncio; o coordenador pedagógico da Educação do Campo, Emmanuel Benevides; a gerente técnico pedagógica da Secretaria de Educação, Vera Passos e o gerente de ensino fundamental e coordenador da Educação do Campo, Enildo Pereira. A convidada para discutir o tema “Tecnologia e Sustentabilidade e suas Conexões com as Escolas do Campo” foi a coordenadora do Programa Desenvolvimento Sustentável do Centro de Ação Cultural – Centrac, Madalena Medeiros.
“Nesse momento de pandemia a secretaria tem buscado inovar em todos os pontos, principalmente para os professores do campo”, disse o secretário de educação Rodolfo Galdêncio, dando as boas vindas aos participantes. Em seguida, foi realizado um momento de reflexão mediado por Emmanuel Benevides.
“Eu sou filha de agricultor e agricultora que foram expulsos do campo por falta de políticas públicas. Sou engenheira agrícola, mas terminei o curso e fui trabalhar na Amazônia com povos indígenas durante 10 anos, quando voltei conheci o Centrac e passei a trabalhar lá. O Centrac faz parte da Articulação do Semiárido Paraibano (Asa Paraíba) e é nessa perspectiva de convivência com o semiárido que vamos aprofundar nossas discussões hoje”, afirmou Madalena.
Madalena deu início ao tema com o questionamento: “Sustentabilidade pra quem?”, discutindo um pouco sobre os modelos de agricultura. Também reforçou a importância de destacar no ensino as vivências que promovem aprendizado e senso crítico no contexto da educação do campo, tais como: conhecer o bioma e suas características; a convivência com o semiárido; o resgate dos conhecimentos tradicionais associados as sementes, animais, espécies florestais. “Se é uma escola do campo é importante conhecer as sementes e espécies florestais que os pais dos alunos guardam e as plantas medicinais que ainda cultivam, porque tudo isso faz parte do conhecimento que ao longo dos anos vai sendo perdido”, reforçou a facilitadora.
O Programa de Alimentação Escolar – PNAE, o descarte adequado de resíduos sólidos e os sistemas de captações de água, foram alguns dos pontos discutidos. Madalena apresentou alguns exemplos de como fortalecer as experiências do campo na escola através das feiras de ciências, de herbários, do convite de agricultores e agricultoras à escola para apresentar seu conhecimento sobre controle de pragas e doenças, cercas vivas e hortas. E ainda discutir em sala de aula sobre as mudanças climáticas e modelos de tecnologias implementadas pelo estado, o ciclo da água, o debate sobre agrotóxicos e transgênicos e sobre o processo de desertificação e extinção de espécies animais e vegetais.
“Muitas vezes nós temos professores que são da cidade e essas formações são muito importantes porque fazem com que os professores possam aprofundar o debate sobre a diversidade dos biomas e da vida das comunidades rurais”, ressaltou Enildo Pereira da Silva.
A facilitadora também disponibilizou uma relação de vídeos que podem auxiliar os professores nos debates em sala de aula. O coordenador Emmanuel Benevides, fez o encerramento da formação agradecendo aos participantes e reforçando a importância das relações de saberes entre os povos do campo e a escola.
A temática em foco dialoga com a com a convivência com o semiárido e adaptação as mudanças climáticas, com práticas de uso sustentável da biodiversidade no semiárido paraibano e é parte das ações de projetos apoiados pela Misereor, Embaixada da França e CCFD -Terre Solidaire.