Exposição denuncia insegurança alimentar no Brasil e propõe a agroecologia como alternativa

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 20 de outubro de 2020

“Este é um ato silencioso, mas de extrema importância porque a gente precisa pensar no alimento em quantidade e em qualidade e trazer esse tema de um projeto de agroecologia para o mundo rural, livre de transgênicos e agrotóxicos”, ressaltou a agricultora e liderança sindical, Roselita Victor, que esteve presente na exposição de cartazes na Praça da Bandeira, em Campina Grande. A atividade foi realizada no Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, das 9h às 11h30, com o tema “O Brasil tem fome!”, apresentando dados e visando alertar a população sobre o agravamento da situação da insegurança alimentar no Brasil.

Roselita Victor também alertou sobre os dados que indicam que o Brasil está voltando ao Mapa da Fome. “O Brasil passou um tempo longe do mapa da fome e agora começa a retroceder com a pandemia, o desemprego e a falta de políticas públicas que possam garantir uma alimentação que nutri as pessoas. A volta da fome na nossa região é ainda mais gritante e é com muita tristeza que no Dia Mundial da Alimentação a gente trás esses dados sobre a situação da fome no nosso país”, reforçou a agricultora.

Durante a manhã, a população campinense pode visualizar e tirar dúvidas sobre os dados apresentados nos cartazes. Mãe Renilda Albuquerque, presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA/PB, também participou da exposição e reforçou a importância de discutir sobre a produção de uma alimentação agroecológica. “Comer é um ato político, mas esse direito ao alimento de qualidade ainda está sendo negado ao nosso povo. Precisamos ter uma visão sobre o que é comida de verdade e estamos aqui organizados também para isso, para denunciar, mas apresentar uma alternativa segura de produção e que garante qualidade na mesa das pessoas. Isso é a agroecologia”, afirmou.

A exposição contou com 12 cartazes com dados que retratam a insegurança alimentar, com a volta da fome no Brasil, a alta dos preços dos alimentos no supermercado e sua relação com o agronegócio que visa somente o lucro, produzindo commodities com o uso abusivo de agrotóxicos. Atualmente, cada pessoa consome por ano 7,36 litros de agrotóxicos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE/2013.

“O Brasil não produz só alimento, produz commodities como a soja e o arroz”, esta era a frase de um dos cartazes apresentados na exposição. A engenharia agrícola e assessora técnica do Centrac, Madalena Medeiros, explicou o porquê da alta dos preços durante a pandemia. “Quando a soja fica mais cara, o óleo fica mais caro, a ração fica também mais cara, que vira carne mais cara. O mesmo acontece com o arroz. Com o produto mais competitivo lá fora, o país está vendendo para outros países e desabastecendo o mercado interno. Quem lucra com isso é o agronegócio, mas a gente já tem dados que 70% da alimentação na mesa das pessoas vem da agricultura familiar, das pequenas e médias produções e se essa produção é agroecológica, não prejudica a terra, nem o meio ambiente e não trás nenhum risco a saúde humana”, disse Madalena.

O momento também contou com a exposição de uma diversidade de sementes crioulas e foi organizado pelo Centro de Ação Cultural – Centrac, o Fórum Paraibano de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – FPBSSAN, a Articulação do Semiárido Paraibano – ASA Paraíba, a Plataforma Mercosul Social e Solidário – PMSS e o CONSEA Paraíba.