Ainda somos todas mulheres de Queimadas

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 12 de fevereiro de 2021

No dia 12 de fevereiro de 2012, a cidade de Queimadas vivenciou um dos mais violentos crimes visto nas últimas décadas no estado da Paraíba, conhecido mundialmente como “A barbárie de Queimadas”.

Isabella Monteiro e Michele Domingos foram jovens brutalmente assassinadas há cerca de 9 anos, sendo vítimas de torturas físicas, psicológicas e violência sexual, seguida de feminicídio com toques de crueldade nunca visto nesta cidade de interior do Agreste paraibano.

O que chamou a atenção e gerou indignação da população da cidade, foi o fato do crime ter sido planejado e executado por homens do convívio das jovens, que por nenhum instante desconfiaram de tamanha emboscada. Desse modo, 10 estupradores/assassinos, isso mesmo, 10 estupradores e assassinos, durante 15 dias, realizaram reuniões de planejamento para compra de objetos de tortura, tais como: enforca gato, mordaça, corda, meias, durex, estimulante sexual, entre outros.

O plano foi pensado da seguinte forma: seria realizada uma festa para “familiares e amigos” na residência do menor dessa barbárie, Eduardo Pereira (FORAGIDO). Nesta, seria comemorado o aniversário do seu irmão, o criminoso sexual Luciano Pereira, que receberia como presente 5 mulheres para satisfação sexual, como se os corpos destas fossem públicos e mero objeto de uso e descarte. O plano não obteve êxito, pois as mulheres reconheceram os estupradores marcando assim suas sentenças de morte.

Hoje, após 9 anos desse triste fato, convidamos toda a sociedade paraibana a refletir sobre a violência estrutural que tem naturalizado essa mazela social que é a violência contra a mulher, e a se engajar no enfretamento contra todas as violações de direitos humanos cometidas contra meninas e mulheres em busca de um mundo menos violento e menos desigual, postando em suas redes sociais a hashtag  #AindaSomosTodasMulheresdeQueimadas, como forma de protesto pela recaptura desse criminoso e feminicida Eduardo Pereira que está foragido.

 

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Familiares das vítimas,

Sociedade Queimadense,
Organizações e Movimentos de
Mulheres e Feministas da Paraíba.