Na manhã da terça-feira, 15 de junho, foi realizada uma oficina de fenação com agricultores, agricultoras e jovens da comunidade Carapebas em Aroeiras-PB, município que integra o Fórum de Lideranças do Agreste – Folia, dinâmica territorial assessorada pelo Centro de Ação Cultural – Centrac. A atividade aconteceu na propriedade do agricultor Edinaldo Pereira e contou com apoio financeiro de Misereor, Plataforma Mercosul Social e Solidário e CCFD – Terre Solidaire.
Dando início a oficina, os participantes se apresentaram e a assessora técnica do Centrac, Zilma Maximino, falou sobre a importância da estocagem, seja de água, sementes ou forragem para os animais. “Fazer fenação é muito simples, você gasta dois dias de trabalho e vai ter ração por mais tempo no verão. Para se viver numa região seca, é preciso se planejar e aprender a conviver. A fenação é mais uma das estratégias que temos de convivência no campo e ainda lhe poupa trabalho, sem que você precise estar nas estradas pegando capim seco”, disse Zilma.
Em seguida, o técnico do Centrac, Antônio Carlos Vasconcelos, apresentou alguns tipos de plantas, umas trituradas e desidratadas e outras somente desidratadas para que os participantes da oficina pudessem avaliar as cores, o cheiro e as duas opções de se fazer o feno. “A fenação é uma tecnologia muito simples, que é basicamente retirar a umidade da planta e armazenar em sacos, fardos e guardar em local livre de roedores e de chuva. Para mostrar a vocês, a gente trouxe capim, folha de feijão, folha de fava, tem a gliricídia, o marmeleiro. Tem também a maniçoba, que é uma planta riquíssima, fácil de encontrar e depois de desidrata por cerca de um dia e meio, ela preserva 13 por centro de proteína, comparado com a palma que tem 5 por cento. Muita gente tem dificuldade de usar a maniçoba porque se for colocada para os animais sem desidratar, ela pode matar o animal”, ressaltou.
De acordo com o assessor técnico, além dessas plantas, também é possível utilizar palma, ramas e introduzir gradativamente na alimentação dos animais. “Às vezes o animal demora a se acostumar com esse tipo de ração, mas você pode ir misturando aos poucos com xerém e farelo de milho, até ele se adaptar. Eu faço isso com as minhas cabras e elas hoje já comem a maniçoba pura”, afirmou Antônio Carlos.
Durante a oficina, os agricultores e agricultoras aprenderam o passo a passo para se fazer o feno. Primeiro, é preciso coletar as folhas e diversificar a ração. Em seguida, colocar para desidratar no sol em uma lona, calçadão da cisterna ou barreiro, por um dia ou um dia e meio, dependendo da intensidade do sol. A ração deve secar uniformemente e para isso é preciso revirar o material por pelo menos duas vezes ao dia. Depois de desidratado, o material deve descansar por um dia e depois ser colocado na enfardadeira ou em um recipiente improvisado, uma caixa, um buraco no chão, em espaço quadrado ou retangular para socar o feno. Os fardos devem ser amarrados e armazenado em local protegido.
Utilizando a máquina enfardadeira do Centrac, os agricultores utilizaram as plantas já desidratas para preparar o feno. A máquina está disponível para as comunidades, que integram o Folia, utilizarem durante o armazenamento da forragem. “A experiência da agricultora Lita lá de Itabuba é uma inspiração para mim. No grupo de WhatsApp do Folia eu vejo as fotos da ração que ela faz para as galinhas. E eu quero fazer isso aqui na minha propriedade também”, contou o agricultor Ednaldo Pereira.
No segundo momento da oficina, os agricultores fizeram a coleta de plantas na propriedade de Edinaldo, para entenderem na prática como funciona a desidratação. Todas as plantas coletadas foram colocadas em cima de uma lona e o feno será feito por Edinaldo assim que estiverem no ponto.
Ao término da oficina, os agricultores e agricultoras falaram um pouco sobre a experiência e também recordaram a silagem que foi realizada no ano passado na comunidade e que permitiu ração para os animais no período de estiagem. “Eu fiz a silagem e tive ração para minhas cabras e para o gado durante seis meses. Utilizei capim e palha de milho. Agora quero fazer o feno e vou continuar fazendo a silagem também”, disse a agricultora Renata Gervásio.