Com o objetivo de contribuir para a redução dos impactos provocados pela Covid-19, fortalecer a produção de alimentos agroecológicos e oferecer informação sobre as consequências da ausência governamental durante a pandemia, o Centro de Ação Cultural – Centrac com apoio do CCFD – Terre Solidaire e da Plataforma Mercosul Social e Solidário, distribuiu 14 toneladas de alimentos com produtos da agricultura familiar de base agroecológica em quatro municípios da região do Fórum de Lideranças do Agreste – Folia, na Paraíba.
700 famílias receberam cestas de alimentos que foram entregues nos municípios de Aroeiras, Campina Grande, Mogeiro e Puxinanã, contemplando mais de 20 comunidades e assentamentos rurais, periferias urbanas, cozinha comunitária, paróquias, catadores de materiais recicláveis e famílias acompanhadas pela Pastorais Sociais da Igreja Católica.
Os alimentos da agricultura familiar oferecidos nas cestas foram farinha de mandioca, fava, feijão macassar, macaxeira, batata doce, manteiga da terra, jerimum, banana e laranja, totalizando cerca de 6 toneladas. Os alimentos foram produzidos e fornecidos por famílias agricultoras do Folia e da Articulação do Semiárido Paraibano – Asa PB, das regiões que tiverem boas chuvas este ano.
Madalena Medeiros, da equipe do Centrac, falou sobre o fortalecimento da agricultura familiar com a iniciativa. “Nós compramos produtos dos agricultores e agricultoras que produziram, durante a pandemia, alimentos livres de agrotóxicos e transgênicos. Essa ação não somente serviu para amenizar a fome das famílias em situação de vulnerabilidade, mas também para fortalecer as famílias que estão no campo produzindo alimentos saudáveis”, afirmou Madalena.
Também foram entregues mais de 8 toneladas de alimentos que fazem parte da alimentação diária das famílias como arroz, café, açúcar, sal, sorda e rapadura, e ainda 10 mil e 500 unidades de detergente, desinfetante, água sanitária, sabão em barra, álcool em gel, creme dental, papel higiênico e absorvente íntimo, em atenção à saúde íntima das mulheres e meninas.
“No nosso trabalho a gente visita as famílias, acompanha as mães desde a gestação e conhecemos a realidade de perto aqui da comunidade Chã de Areia. A entrega dessas cestas é muito importante porque a gente conhece a necessidade das famílias, que tem carência de tudo e ainda falta muito dos governantes”, contou a agricultora familiar e integrante da Pastoral da Criança Mônica Andrade, do município de Mogeiro.
O padre Antônio Araújo, da Diocese de Campina Grande, agradeceu a entrega das Cestas na Paróquia Nossa Senhora do Carmo na cidade de Puxinanã. “Nós temos pessoas carentes que nesse tempo de pandemia ficaram quase sem nenhuma fonte de renda e essas cestas vieram ajudar essas famílias. Foi um momento de alegria e eu mesmo pude constatar a emoção das famílias, muitas famílias ficaram emocionadas e até choraram pela importância que essas cestas tiveram nesse momento”, contou.
Esta ação fez parte do projeto “Reduzindo os impactos da fome nas comunidades rurais do agreste paraibano”, realizado pelo Centrac durante os meses de julho e agosto, com o apoio do CCFD-Terre Solidaire, organização católica francesa. Durante a ação, também foram entregues mudas de espécies forrageiras e frutíferas e material informativo alertando sobre a ausência do Estado na atenção as famílias vulneráveis.
Insegurança alimentar
O Brasil tem cerca de 117 milhões de pessoas sem acesso pleno e permanente aos alimentos e 19,1 milhões de pessoas que efetivamente passam fome, em um quadro de insegurança alimentar grave, que evoluiu com a chegada da Covid-19, de acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN/2020).
“A fome não é um processo natural é um problema causado pela desigualdade social e é obrigação do Estado brasileiro respeitar, proteger e realizar o Direito Humano a Alimentação Adequada a toda a população, através das políticas públicas de combate à pobreza e à miséria”, finalizou Madalena Medeiros.