Na sexta-feira, 11 de março, agricultoras e agricultores, lideranças comunitárias de 16 municípios que integram o Fórum de Lideranças do Agreste (Folia), realizaram um Encontro de Avaliação das atividades em 2021 e Planejamento para 2022, junto as organizações de assessoria que atuam no território: o Centro de Ação Cultural-CENTRAC, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Serviço Pastoral do Migrante (SPM). O evento foi realizado no Secretariado da Diocese de Campina Grande-PB.
Dando início a atividade, a agricultora Ana Maria Marques do município de Gurinhém, realizou uma benção de boas-vindas. Em seguida, os participantes fizeram uma avaliação sobre os aprendizados nas comunidades durante o período de isolamento social. “Nesses dois anos que passamos de pandemia, foi um sofrimento para muitas famílias e serviu de aprendizado pra gente aprender o valor do próximo, de tá junto, do abraço. Tivemos medo de perder alguém da nossa família, os amigos. Isso serviu pra gente refletir”, falou o agricultor Marcos Eloi, do Assentamento José Antônio Eufrousino, de Campina Grande.
Em referência ao mês de visibilidade da luta das mulheres (8M), foi apresentado o vídeo da agricultora Lita Bezerra, de Itatuba, intitulado: Sementes da Paixão de Lita: Guardiãs de Raças Nativas. O vídeo foi registrado pelo CENTRAC e ficou entre as 15 experiências locais do prêmio “A História que eu Cultivo”, realizado pela Articulação Nacional de agroecologia (ANA). Após o vídeo, foi realizado um momento de saudação à mãe terra, com cânticos e poemas.
No segundo momento, Madalena Medeiros, assessora técnica do CENTRAC, apresentou os desafios levantados no planejamento de 2021 (que foi realizado de forma virtual), de acordo com as redes temáticas trabalhadas pelo Fórum: Mulheres, juventudes, sementes, Fundos Rotativos Solidários, água, comercialização e criação animal. Em seguida, foram formados grupos de trabalhos para discutir o que foi possível realizar pelas comunidades em 2021, assim como pelo governo, identificar os prejuízos da pandemia, clima e corte de políticas e quais as propostas para superar os desafios levantados.
Os grupos destacaram alguns desafios que ainda precisam ser superados, entre eles o pacote do veneno; as sementes transgênicas e organismos geneticamente modificados; discussão sobre a energia eólica e solar no território; as mudanças climáticas, combate à violência de mulheres e jovens; eleger representantes governamentais que tenham compromissos com as entidades não governamentais.
Para 2022, foram definidas algumas propostas: Implantar mais Fundos Rotativos Solidários (FRS) no território; acessar as lideranças comunitárias: Igreja, Sindicatos, Secretarias de Agricultura, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDR’s) e escolas; resgatar o levantamento das famílias que ainda não têm a cisterna de primeira água; fortalecer a Campanha pela divisão justa do trabalho doméstico; fortalecer os grupos de mulheres nas comunidades; mais estratégias para o fortalecimento da juventude camponesa; Acessar às políticas públicas (PAA, PNAE); monitorar a conservação das sementes, dos FRS’s e a comercialização; denunciar parlamentares que atuam na destruição de nossos direitos entre outros.
Ainda no contexto do evento, houve uma feira de troca de sementes e mudas, compartilhadas pelas agricultoras e agricultores de cada município, com sementes de feijão, fava, milho, palma, mandioca; frutíferas como manga e coco e mudas de plantas ornamentais. A agricultora Lindalva Oliveira, do Assentamento Dom Marcelo, levou o milho jabatão para a feira. “Esse milho foi fruto do campo de multiplicação de sementes comunitário, cultivado com irrigação por gotejamento lá no assentamento, livre de transgênico e agrotóxico”, contou a agricultora.
Também foram partilhados os materiais da Campanha Multiplique Sementes Crioulas do CENTRAC: agenda, cartaz, camiseta, adesivos e outros materiais informativos, como a cartilha: “Tecnologias Sociais – Pequeno Manual de Construção”.