O Centro de Ação Comunitária – Cedac (RJ); o Centro de Ação Cultural – CENTRAC (PB) e a Assesoar (PR), organizações do Brasil que integram a Plataforma Mercosul Social e Solidário (PMSS), realizaram no último dia 29 de março uma atividade alusiva ao Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, em parceria com os Conselhos Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) do Rio de Janeiro, Paraíba e Paraná.
A atividade, que contou com a participação de cerca de 60 pessoas, foi iniciada com o Seminário “Segurança Alimentar e Hídrica em contexto de mudanças climáticas”, que teve as contribuições de Leonardo Melgarejo, Engenheiro agrônomo e Ana Lúcia Britto, colaboradora da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e coordenadora de Projetos do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (ONDAS).
Rosa Maria do Cedac e Ana Patrícia Sampaio, assessora técnica do CENTRAC e Secretária Executiva da Plataforma Mercosul Social e Solidário, deram as boas vindas aos participantes. “A plataforma hoje se propõe a trabalhar conteúdos e ações relativas a dimensão social da integração regional, tendo como campo de intervenção as práticas locais das organizações sociais de todos os setores, especialmente aqueles mais vulneráveis, mulheres e jovens”, afirmou Ana Patrícia. Em seguida, o agrônomo Leonardo Melgarejo foi convidado para discutir o tema da segurança alimentar.
“Se esse é um espaço que trata da dimensão social da organização, sem dúvidas a segurança alimentar e a segurança hídrica são problemas de natureza social”, ressaltou Leonardo Melgarejo, apresentando dados do Mapa da Água, com índices das águas contaminadas por agrotóxicos no Brasil. “Esses venenos não desaparecem, estão se acumulando nos aquíferos e mesmo que a gente pare de usar agora agrotóxicos, nós temos um índice de periculosidade para o futuro”, disse.
A palestrante Ana Lúcia Brito, iniciou sua fala resgatando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organizações das Nações Unidas (ONU), citando os ODS 2, 6 e 13, que tratam respectivamente de: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável; assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos; tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos. Ana Lúcia abordou os conceitos da segurança hídrica, os impactos das mudanças climáticas, o relatório da ONU para a melhoria da gestão dos recursos hídricos e os dados para eliminação das desigualdades no acesso à água.
Após as exposições e intervenções de participantes, foram realizadas 2 Oficinas temáticas simultâneas com experiências da Paraíba, Paraná e Rio de Janeiro com os temas: “Tecnologias sociais de enfrentamento às mudanças climáticas”, facilitada por Luis Freire da Assesoar e “Lutas em defesa da água e seus direitos”, facilitada por Caroline Rodrigues da ONG Fase-Rio.
Na oficina de Lutas em Defesa da Água, a Assistente Social e educadora popular da Ong Fase, Caroline Rodrigues, apresentou os estudos que vem desenvolvendo sobre o ativismo contemporâneo, suas características, forma de organização e desafios para o alcance dos objetivos. “A gente tem que pensar como a gente quer de fato lutar pela água. Queremos defender o direito humano a água, a água como bem comum, queremos defender a não contaminação da água. Tem várias formas de fazer isso e as vezes a gente não tem muita convergência nas formas e esse é o grande desafio das lutas sociais”, reforçou.
Os representantes dos Conseas do Rio de Janeiro, Paraíba e Paraná também tiveram participação durante as oficinas. Waldir Cordeiro, do Consea Paraíba, falou sobre 3 grandes desafios na região do Semiárido: escassez de água, disponibilidade e tecnologias inapropriadas para sua captação. “Nosso problema de escassez não é só pela falta de chuva, mas por falta de reservatório para armazenar a água da chuva. Além disso, temos a concentração da terra, não só pela quantidade, mas pela qualidade da terra com presença de água doce”, disse Waldir, reforçando a importância das cisternas de placas, tecnologia social de captação de água de chuva que se transformou em política pública e garantiu acesso à agua a milhares de famílias do semiárido brasileiro até 2016, mas que foi desmontada pelo governo atual.
Renata Machado do Consea RJ, apresentou o posicionamento do Consea no estado. “A gente tem como política trabalhar a água como direito e não mercadoria, temos a água como tema central e sem água sabemos que não tem segurança alimentar”, afirmando ainda que o estado do Rio de Janeiro passou por uma crise hídrica grave e problemas relacionados a qualidade de água, com altos índices de contaminação.
A atividade será sistematizada e enviada aos participantes via e-mail junto com o certificado de participação.