Afirmou jovem do Fórum de Lideranças do Agreste sobre seu sistema de produção de alimentos – Aquaponia durante visita na propriedade
“Eu passo a maior parte do tempo aqui na aquaponia, cuidando das plantas, dos peixes, limpando e já comecei a vender pela internet os produtos que eu produzo”, contou a jovem Ana Karollyne de Sousa, do Assentamento José Antônio Eufrouzino, em Campina Grande-PB, durante visita realizada à propriedade na tarde da quinta-feira (31), pelo Centro de Ação Cultural – CENTRAC e de Manos Unidas, organização espanhola que apoia as ações do Projeto “Fortalecimento de sistemas alimentares com mulheres no semiárido paraibano”.
Cerca de 30 agricultores, agricultoras e jovens, que integram o Fórum de Lideranças do Agreste (Folia), receberam os visitantes Francisco Borges e Carlos Vicente Alconcé de Manos Unidas na sede do Assentamento. Na oportunidade, as famílias apresentaram a história do Assentamento, as ações desenvolvidas pelo CENTRAC com apoio da instituição e seus símbolos de luta, frutos do trabalho na terra.
O queijo, as hortaliças, o umbu, a palma, produção de leite e de manteiga, foram alguns dos símbolos apresentados pelas famílias. O símbolo da Agricultora Albani Marise da Silva foi uma garrafa de semente de feijão. A agricultura conta que a semente é o que mantém os filhos na terra. “Eu tenho filhos que não querem sair da agricultora, Graças a Deus. Com o apoio e incentivo de vocês, nós podemos continuar produzindo. Nós, que já estávamos aqui, e os jovens que estão começando a luta hoje”, disse Albani.
A agricultora Graça Januário falou sobre a chegada das famílias no Assentamento e as conquistas que tiveram até o momento. “Quando eu cheguei aqui, meu travesseiro foi uma pedra e eu pedi a Deus que eu tivesse forças pra continuar na luta com meus companheiros pela terra. E conseguimos! Hoje temos nossas casas, as formações, as tecnologias sociais que ajudam a gente produzir, o fogão, a cisterna, o reuso de água”, afirmou Graça.
“Eu me sinto muito feliz em ver essa equidade aqui, de mulheres, jovens e homens. As vezes os jovens não querem ouvir os mais velhos, acham que eles não sabem de nada. Mas uma pessoa sem história não pode planejar seu futuro. É como uma árvore sem raízes”, contou o coordenador de Projetos no Brasil, da organização Manos Unidas, Carlos.
No segundo momento, houve uma visita à propriedade da agricultora Katiane de Souza e de sua filha Ana karollyne de Sousa para conhecer o quintal agroecológico da família. Além da cisterna de água para beber, a família agora possui um Sistema de Reuso de Água. Com essa tecnologia, as mulheres reaproveitam a água da pia e do banho para produzir hortaliças, plantas medicinais, frutíferas etc. “Toda a água que a gente gasta devia ser aproveitada e o reuso de água vem pra gente aproveitar isso. Eu já tenho produzido muita coisa, agora com a chuva a gente vai poder trabalhar melhor também”, afirmou Katiane. A agricultora também faz parte do Fundo Rotativo de Mulheres do Assentamento e já foi contemplada com o Fogão Agroecológico. “Esse fogão é uma maravilha, não tem fumaça dentro de casa, aqui eu cozinho e já posso assar o bolo no formo. Quero deixar minha cozinha toda ajeitada aqui, se Deus Quiser”, ressaltou.
A instalação do Reuso faz parte de uma das ações do Projeto que tem como objetivos fortalecer os subsistemas produtivos geridos pelas mulheres, com a adoção de novas práticas agroecológicas, melhoramento de solos e conservação da diversidade das sementes crioulas, trabalhando a conscientização sobre a conservação e gestão do uso racional da água. O projeto visa ainda visibilizar e valorizar o papel e o trabalho das mulheres no âmbito econômico produtivo e na organização comunitária.
A aquaponia é mais um sistema que tem fortalecido a juventude do Assentamento e contribuído com a produção de alimentos, uma iniciativa do Serviço de Tecnologia Alternativa – SERTA e do Movimento Sem Terra (MST). As jovens que participam também estão inseridas num processo de formação do CENTRAC para aprofundar o debate sobre o controle agroecológico de pragas e doenças. A jovem Ana Caroline apresentou a aquaponia e afirmou que o espaço agora é a sua segunda casa. A jovem já está produzindo alface, cebolinha, hortelã e peixe. Os produtos são para o consumo familiar e para venda, que está sendo realizada pelas redes sociais da jovem.
A última parada da visita foi no Campo de multiplicação de sementes crioulas, em outra área do Assentamento. O agricultor Marcos Eloi contou que as famílias já preparam a terra e o plantio de milho e feijão macassar já foi realizado. A previsão é de boas chuvas e boa colheita para este ano.