Na tarde da última segunda-feira (7), lideranças agricultoras que integram o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS de Campina Grande participaram da formação sobre “Segurança alimentar e nutricional no contexto do Semiárido”, realizada pelo Centro de Ação Cultural – CENTRAC. A atividade aconteceu na sede do Sindicato dos trabalhadores Rurais de Campina Grande com a facilitação das assessoras técnicas Patrícia Sampaio e Madalena Medeiros.
“Para que a pessoa esteja em situação de segurança alimentar, ela precisa ter acesso regular e permanente a alimentos de qualidade em quantidade suficiente”, afirmou Madalena, reforçando que é preciso reconhecer o acesso a alimentação como direito humano. A técnica falou sobre o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional – SAN e as dimensões da alimentação adequada, como a diversidade no cultivo; a qualidade sanitária; a adequação nutricional; a produção livre de contaminantes; o acesso à recursos financeiros ou recursos naturais como água e terra; respeito e valorização da cultura alimentar nutricional; acesso à informação e a realização de outros direitos. “É um direito que está posto na constituição e é dever do estado brasileiro garantir, acompanhado de outros direitos como a saúde, educação de qualidade”, ressaltou Madalena.
A assessora Patrícia Sampaio reforçou alguns caminhos que devem ser tomados ao se deparar com uma pessoa ou família em situação fome. “A primeira coisa que fazemos como liderança é ir atrás de ajuda, ao ver uma pessoa em situação de fome. Mas geralmente a gente esquece de mobilizar quem tem obrigação de garantir alimento a essa pessoa, que é o poder público. A gente resolve momentaneamente a situação, arrecada alimentos, mas a gente não pode sustentar essa família. Precisamos ter a consciência de que o poder público precisa ser acionado e deve assistir essa família, principalmente se há crianças em situação de fome, visto que essas devem ser prioridade absoluta em ações de assistência social e qualquer outra política”, disse.
Na ocasião, foram destacadas as ameaças à segurança alimentar e nutricional no contexto do Semiárido, como a falta de acesso à água de beber e produção, o avanço da desertificação que tem chegado a 93,7% (dados do Instituto Nacional do Semiárido), as mudanças climáticas, a salinização dos solos, a monocultura, o desmatamento do bioma Caatinga, o uso indiscriminado de agrotóxicos, falta de acesso à terra, entre outros.
Em debate, a agricultora Josefa Gomes Valentim, da Comunidade Serra Joaquim Vieira, falou como a falta de Assistência técnica rural tem afetado a produção das famílias. “A gente sente falta da assistência técnica nas comunidades, isso faz com que a gente perca nossa produção. Tem as pragas nas nossas lavouras, as vezes não temos conhecimento das receitas naturais e a gente sabe que isso é uma realidade presente na nossa região”, afirmou Josefa.
“Hoje não existe assistência técnica rural no estado da Paraíba. O que existe são técnicos de organizações como o CENTRAC. Precisamos pensar na assistência técnica, a assistência que precisamos e a que queremos e o CMDRS é um espaço para isso”, afirmou Patrícia. A assessora falou ainda sobre a importância de o Conselho estar atento as Leis Orçamentárias Anuais do Município, avaliando o recurso destinado para a agricultura familiar.
Durante a atividade, os agricultores e agricultoras também reforçaram a importância de o Conselho pensar políticas de Segurança Hídrica, de reflorestamento e uma política de fortalecimento da agricultura familiar do município.