Na tarde da última sexta-feira (18), agricultores e agricultoras do Assentamento José Antônio Eufrouzino em Campina Grande participaram de uma Oficina de produção de ração para criação de animais de raças nativas. A atividade foi desenvolvida pelo Centro de Ação Cultural (CENTRAC) em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA).
A médica veterinária e pesquisadora do INSA, Crislaine Ferreira, deu início a formação ressaltando a importância nutricional das plantas forrageiras. “A gente tem tanta diversidade de plantas no quintal e na maioria das vezes não conhecemos o valor nutricional delas. Se a gente conhece, podemos substituir em alguns momentos por farelo de milho ou diminuir o consumo externo e melhorar até a renda”, afirmou.
Crislaine apresentou uma tabela nutricional com as espécies forrageiras de plantas do Semiárido que podem ser utilizadas na ração animal. “As plantas leguminosas como a gliricídia e o mororó, por exemplo, têm mais proteína que as gramíneas e podem ser oferecidas juntas para o animal, fazendo um equilíbrio”.
A equipe do INSA também reforçou a atenção para o armazenamento da forragem na propriedade. A família deve estar atenta ao período de plantio, corte e armazenamento em silo ou em feno. Isso vai poupar trabalho e ainda garantir ração de qualidade nutricional para os animais no período Seco. O zootecnista Pedro Henrique Ferreira (INSA) apresentou algumas amostras de plantas que podem ser usadas como forrageiras como a jurema preta, o mororó, a jitirana, o feijão de rolinha, entre outros, que foram armazenadas em silo e feno para que os agricultores e agricultoras pudessem observar o cheiro, a cor e como a planta fica depois de passar pelo processo de desidratação.
“As galinhas de capoeira são uma fonte de segurança alimentar e renda para muitas mulheres do Semiárido e algumas delas já utilizam forragem nativa para complementar a alimentação desses animais”, ressaltou Romildo Neves que também é Zootecnista no INSA. Romildo explicou que quando essas plantas são trituradas e misturadas com farelo de milho, os animais consomem sem dificuldade.
Na oportunidade, as famílias também puderam esclarecer suas dúvidas, como no caso da utilização da planta maniçoba e a jurema preta. Estas plantas são tóxicas, mas tem um alto teor de proteína, se forem manejadas de forma correta, podem ser incluídas na ração animal sem problemas. O assessor técnico do CENTRAC, Antônio Carlos Vasconcelos, reforçou a importância de estar atento ao comportamento animal, principalmente quando oferecer uma alimentação nova. “É preciso observar o que oferece, como oferece, e como o animal reage e com isso vamos aprendendo também”, ressaltou.
Algumas agricultoras presentes na oficina integram o Fundo Rotativo Solidário do Assentamento para a criação de galinhas de capoeira. O grupo foi beneficiado pelo CENTRAC com uma máquina forrageira para auxiliar na produção de ração. Na ocasião, viram na prática como fazer a utilização da máquina.
A agricultora Maria da Conceição Figueiredo disse que já cria galinhas e que a partir de agora quer utilizar as plantas da sua propriedade para complementar a ração delas. “Eu não conhecia nada do que tem aqui, tanta riqueza que a gente tem no quintal e a gente sem saber aproveitar, mas agora eu vou botar em prática”, disse.
Ao término da atividade, o CENTRAC distribui mudas de gravatá, gliricídia, moringa e leucena e alguns materiais informativos pelo INSA. O CENTRAC tem contribuído com essas experiências, contando com o apoio de parceiros como CCFD-Terra Solidária, Misereor, Manos Unidas, Plataforma Mercosul Social e Solidário-PMSS e CESE.