Na última sexta-feira, 16 de dezembro, agricultores e agricultoras do Fórum de Lideranças do Agreste – Folia se reuniram na sede do CENTRAC, em Campina Grande, para realizar um balanço do processo eleitoral de 2022. Estiveram presentes cerca de 30 lideranças de 9 municípios que integram o Folia e as entidades de assessoria, o Centro de Ação Cultural – CENTRAC, a Comissão Pastoral da Terra – CPT e o Serviço Pastoral do Migrante – SPM.
No primeiro momento da avaliação, foi discutido sobre a visão geral das eleições, como as lideranças se envolveram no processo eleitoral em cada município, quais dificuldades encontradas e as perspectivas pós eleição no âmbito estadual e federal.
Em algumas comunidades houve relato sobre troca de voto e de favores, medo e perseguição por parte dos gestores públicos. “No meu grupo, percebemos que houve baixa capacidade de mobilização nas comunidades pelo medo de perder um amigo ou alguém da família. Então muitas vezes a gente evitava o assunto com as pessoas por conta disso” disse Ednaldo Pereira, agricultor da comunidade Carapebas, em Aroeiras.
Apesar disso, a maior parte das lideranças relatou ter realizado mobilizações, campanhas porta a porta nas comunidades, entrega de panfletos, passeatas, carreatas. “Houve uma organização muito grande por parte dos agricultores e agricultoras para eleger candidaturas comprometidas com a agricultura familiar. A gente sabe que em alguns municípios foi difícil, teve muita fake news, o Brasil dividido, famílias divididas, indústria do preconceito, teve desafio nas mobilizações, fome, violência e negação de direitos, mas agora a gente precisa caminhar junto para fazer parte de um novo governo, precisamos cobrar também para que nossas pautas sejam atendidas”, falou o agricultor Sérgio Oliveira de Itatuba.
Ana Patrícia Sampaio, assessora técnica do CENTRAC, reforçou a importância das lideranças estarem atentas ao orçamento público. “Não adianta ter pessoas boas nas secretarias e não ter dinheiro para operar. É preciso organizar os sindicatos, reconquistar direitos e confrontar o sistema financeiro”, afirmou.
No segundo momento foi realizado um panorama político com um quadro das candidaturas eleitas. No âmbito federal, foram eleitos 30 homens e 6 mulheres. No âmbito federal, foram 12 candidatos eleitos. Destes, apenas 3 participaram dos processos eleitorais promovidos pelo Folia e pela ASA-PB e se comprometeram com a agroecologia no Estado.
“A política não é só partidária, todos nós que vivemos em sociedade somos um ser político. Quando a gente tem o poder de educar uma criança, estamos fazendo política. A política é o exercício do poder. Quando eu decido militar ou defender um projeto ou quando eu tô na escola debatendo algo importante para a educação. Essas pessoas eleitas também fazem política e elas se organizam em partidos para representar os cidadãos e cidadãs do seus estado no congresso”, reforçou Maria do Socorro Oliveira, coordenadora do CENTRAC, ressaltando ainda que a partir de 2023 é preciso convocar estas candidaturas eleitas comprometidas com a convivência com o Semiárido para um novo diálogo e realização dos compromissos assumidos.
Como encaminhamento, o grupo decidiu se reunir com as candidaturas eleitas (a nível estadual e federal) enquanto ASA-PB em 2023 e continuar o processo de mobilização política nas comunidades. Ao término da atividade, os agricultores e agricultoras fizeram trocas de mudas e sementes e celebram as conquistas no campo popular e democrático em 2022.
Processo eleitoral 2022 – A Articulação do Semiárido Paraibano, da qual o Folia faz parte, realizou uma série de debates sobre as eleições de 2022. Foi um processo de diálogo importante para a construção das propostas apresentadas às candidaturas comprometidas com a convivência com o semiárido e a agroecologia. Durante os diálogos com as candidaturas, foram entregues as cartas-compromisso elaboradas pela ASA Paraíba, ASA Brasil e Articulação Nacional de Agroecologia – ANA.