“A gente precisa ensinar às nossas crianças o sabor e as belezas da nossa terra, do semiárido”

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 16 de setembro de 2024

Programa Cisternas nas Escolas promove formação sobre Educação Contextualizada

Professoras, professores, gestoras, merendeiras e a comunidade escolar de duas escolas e uma creche de Aroeiras, no Agreste da Paraíba, participaram de uma formação sobre Educação Contextualizada, como parte do Programa Cisternas nas Escolas, promovido pela Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba).

A atividade, realizada na última sexta-feira, 13, foi organizada pelo Centro de Ação Cultural (CENTRAC) e contou com a participação do professor Jonas Duarte, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que também integra a Rede de Educação Contextualizada no Semiárido Brasileiro (Resab). Os estudantes de História da UFPB, André Lucas, Dayseane Dantas e Luan Henrique, participantes do “Projeto de extensão: Formação de Lideranças dos Movimentos Sociais do Campo”, coordenado por Jonas, também marcaram presença.

O objetivo da formação foi promover um debate sobre educação no campo, com ênfase na convivência com o semiárido e na agroecologia. “Muitas vezes, fazemos uma educação que vem de fora, de outro contexto, e transmitimos um conhecimento descolado do que vivemos aqui. O que é educação contextualizada? É uma educação que entende o clima, a cultura, os riachos, a fauna e a flora, que reconhece o chão que pisamos”, afirmou Jonas Duarte.

O professor Isaías Barbosa, da EMEF Josefa Heráclito, da comunidade Cachoeira, destacou a importância da formação: “Essa oficina veio abrir nossas mentes e agregar conhecimento sobre a valorização do nosso Semiárido, para que possamos levar esse aprendizado à nossa comunidade escolar”. A professora Aline Andrade reforçou o impacto das cisternas: “Com a chegada da cisterna, poderemos fazer uma horta e usar a água para manter a escola”.

Durante a formação, Jonas fez uma retrospectiva histórica sobre o Nordeste, abordando a migração, o monopólio das terras e a exploração da mão de obra barata, fatores que contribuíram para a criação de estereótipos que desvalorizam a nossa região e a nossa cultura. Ele destacou como esses aspectos ajudaram a consolidar um imaginário negativo, que pinta o Semiárido como um lugar difícil de se viver, inclusive nos livros didáticos. Para contrapor essa visão, o professor trouxe músicas de Luiz Gonzaga e Xangai que exaltam as riquezas da região. 

Também foi destacada a relevância das tecnologias sociais de captação de água e das políticas públicas que fortalecem a convivência com o semiárido. “Essas tecnologias sociais, como cisternas de beber e de produção, barreiros trincheiras e outras formas de armazenamento de água, são de baixo custo e surgem da experiência das pessoas que vivem aqui e da natureza”, reforçou Socorro Oliveira, coordenadora do CENTRAC.

Foi um momento de enfatizar o papel da comunidade escolar em ensinar às crianças que o Semiárido é um lugar de possibilidades, promovendo a valorização da Caatinga, a floresta mais eficiente na captura de CO2. “As crianças precisam conhecer e valorizar a Caatinga”, reforçou Jonas.

O CENTRAC está implementando 15 cisternas em escolas e creches dos municípios de Aroeiras, Serra Redonda e Juarez Távora, território do Fórum de Lideranças do Agreste (Folia), com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).  Essa tecnologia social tem fortalecido a segurança alimentar, a produção de alimentos nas escolas e a autonomia das comunidades escolares.