O projeto São João de Brincantes foi lançado na sexta-feira (6), no Museu de Arte Popular da Paraíba – MAPP, conhecido como Museu dos Três Pandeiros, em Campina Grande. O evento reuniu artistas populares, professores, pesquisadores, produtores culturais e representantes de movimentos que lutam pela valorização das tradições juninas.
A programação teve início à tarde com a inauguração da feira colaborativa, um espaço de circulação da economia criativa local, que reuniu artesãos e comerciantes da região com produtos autorais, fortalecendo os saberes e fazeres populares. À noite, o público acompanhou as apresentações do violeiro Felipe Canário e do coco de roda e repente com Felipe Canário e Samarone. Em seguida, foi aberta a exposição de xilogravuras “Impressões Efêmeras: Sulcos do Consumo do Tempo”, assinada pelo artista visual Arnilson Montenegro.
Um dos momentos mais potentes da noite foi a mesa de debate “O São João Para Além do Parque do Povo”, que trouxe à tona reflexões sobre o modelo atual da festa e os desafios enfrentados pela cultura popular em Campina Grande. A mesa contou com a mediação da vereadora Jô Oliveira e a participação do diretor do MAPP, José Pereira; da representante do Comitê de Cultura da Paraíba, Flávia Espinosa; da produtora cultural Lisete Veras, do grupo Os 3 do Nordeste; e do conselheiro de cultura Alfranque Amaral.
Durante a conversa, José Pereira reforçou que o museu está de portas abertas para iniciativas que valorizem a cultura popular, destacando a importância de recordar com saudade, sem deixar de dialogar com a modernidade. Para Flávia Espinosa, o São João precisa reconhecer e valorizar os artistas que mantêm vivas as tradições, muitas vezes com cachês irrisórios em comparação aos grandes nomes dos palcos principais. “O São João de Brincantes é uma estratégia de retomada das expressões populares e da valorização de quem constrói essa cultura com as próprias mãos”, afirmou.
Na mesma linha, Lisete Veras defendeu a força do forró tradicional e das festas descentralizadas que existiam antes da consolidação do Parque do Povo como principal polo junino. “Quantas cidades já se renderam a esse modelo de São João imposto pelo capital? Eu brigo pela bandeira do forró, pelos Três do Nordeste e pela bandeira de Campina Grande”, declarou. A vereadora Jô Oliveira também criticou a invisibilidade dos artistas locais na programação oficial: “Apenas seis artistas da cidade estão no palco principal. É preciso garantir espaço e respeito às nossas tradições”.
Alfranque Amaral ressaltou que o debate é essencial para pensar juntos estratégias de defesa do São João raiz e da preservação dessa identidade cultural que vem sendo ameaçada por lógicas comerciais e homogeneizantes.
A noite foi encerrada com mais uma apresentação musical no espaço da feira do coletivo e com a divulgação da programação completa do São João de Brincantes, que segue de 13 a 29 de junho, sempre às sextas, sábados e domingos. Quadrilhas, trios de forró, maracatus, feiras e expressões diversas prometem movimentar o MAPP com uma programação gratuita para os campinenses e visitantes.
O São João de Brincantes 2025 é realizado pela Associação de Juventudes, Cultura e Cidadania (AJURCC), em parceria com o Comitê de Cultura da Paraíba, através da OSC CENTRAC, o MAPP e o projeto Campina de Brincantes 2025. O projeto conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, Governo do Estado da Paraíba, APIBIMI e Vila Sítio São João. O Comitê de Cultura da Paraíba, uma das organizações realizadoras, integra o Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC), uma iniciativa da Secretaria dos Comitês de Cultura, vinculada ao MinC.