No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular.
No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
Nesta data carregada de significados, de luta e resistência à opressão, não nos esqueçamos de denunciar que o Estado brasileiro e suas policias mantém uma atuação coercitiva, preconceituosa e violenta dirigida a população negra e pobre, especialmente as juventudes. Desrespeito, agressões, espancamentos, torturas e assassinatos são práticas comuns destas instituições. Os assassinatos do servente de pedreiro Amarildo Dias de Souza e da auxiliar de serviços gerais Cláudia da Silva Ferreira pela polícia carioca são apenas dois exemplos dos inúmeros casos de violência policial, portanto institucional, contra a população pobre e negra das periferias das cidades brasileiras. Também não nos esqueçamos de denunciar o preconceito velado das instituições públicas e privadas que cerceiam o direito a educação, ao trabalho decente, a uma vida digna à população negra de nosso país.
Aos movimentos populares cabe a luta permanente pela denúncia e a teimosia em organizar-se para a resistência e a ação.E neste esforço o CENTRAC se soma, na luta por uma sociedade realmente igualitária, livre de preconceitos de raça, de gênero, de geração e de classe.
Ana Patrícia Sampaio de Almeida – Socióloga, Assessora Técnica do CENTRAC