Catadores e catadoras de Campina Grande participam de formação sobre Economia Solidária e Direitos Humanos

Publicado por Suzana Araújo
Campina Grande, 26 de novembro de 2014

Nos dias 21 e 22 de novembro, aconteceu o Curso Economia Solidária e Direitos Humanos, com os catadores e catadoras do bairro do Pedregal, em Campina Grande. O curso aconteceu na sede do Centro de Ação Cultural (CENTRAC) e reuniu cerca de 30 catadores de materiais recicláveis envolvidos nas ações do Projeto Cooperar para Melhor Coletar, que apoia ações de melhoria das condições de vida e trabalho dessa categoria.

O objetivo da atividade é fortalecer a auto-organização dos/as catadores/as e contribuir com a sua formação nos temas Direitos Humanos e Economia Solidária. De acordo com a CoordenadoDSCN6990ra do Projeto Cooperar Para Melhor Coletar, Mary Alves “as formações fortalecem os catadores e catadoras para que possam caminhar com melhores condições de vida e de trabalho. Esse curso é de fundamental importância para que os/as catadores/as possam entender o contexto desta profissão no Brasil, seus direitos perante a gestão dos resíduos sólidos, a inserção da profissão na economia solidária e a importância dos direitos humanos para suas trajetórias de vida.” O Curso Teve como facilitadoras as educadoras Rejane Alves, historiadora e assessora pedagógica da Articulação do Semiárido Paraibano (Asa Paraíba) e Maria Auxiliadora Dantas, educadora da Organização Não Governamental Menina Feliz.

No sábado o tema trabalhado foi Economia Solidária, iniciando com uma dinâmica de apresentação. Em seguida foi feita a distinção entre a Economia Solidária e a Economia Capitalista. O debate foiDSCN7014 provocado a partir da exibição do filme “A história das coisas”, após foi feito um debate entre os participantes. Rejane Alves destacou a importância dos valores que fortalecem a coletividade: “Temos que resgatar os valores de união e do respeito, como também a organização e a coletividade para irmos em busca de nossos objetivos, temos que cultivar o sentimento de solidariedade e não se deixar levar pelo individualismo que o sistema capitalista prega,” afirma. Ainda durante a manhã, foi exibido o vídeo: “outra economia acontece”. Na ocasião, foram levantados os seguintes questionamentos: Qual a diferença entre os modelos de economia solidaria e capitalista? O que a economia solidaria traz para nós?

Para a catadora de materiais recicláveis Elisete Maria de Souza a economia solidaria, “mostra que devemos respeitar o outro, e nos faz reconhecer que catador e catadora de materiais recicláveis é uma profissão”.

DSCN7063Durante a Tarde foram abordados os conceitos de economia Solidária, e em seguida, os participantes foram divididos em duplas com a proposta de montarem cartazes com fotografias que remetessem aos princípios da economia solidária que ficaram responsáveis por apresentar. Depois, que cada dupla apresentou seu cartaz, aconteceu uma roda de diálogo sobre os princípios debatidos. A Educadora Maria Auxiliadora destacou a importância de se compreender a nova lógica da economia solidária, “precisamos nos organizar, mais antes temos que aprender a conviver com as diferenças, aprender a trabalhar junto com o modelo de economia solidária, este modelo muda DSCN7113completamente a forma de compreender a economia”, destacou. Ainda durante a roda de diálogo, Mary Alves afirmou que a economia solidária está inserida na realidade dos catadores e catadoras: “A economia solidária mostra que todos estão juntos e todos são responsáveis pelo trabalho, além do resgate da autonomia, a economia solidária é uma porta para transformar a realidade de vocês”.

No domingo, segundo dia do curso, o tema trabalhado foram os Direitos Humanos e a legislação que trata sobre o trabalho dos/as cDSCN7152atadores/as. A programação da manhã foi iniciada com a construção de uma árvore, que simbolizou o contexto do trabalho realizado pelos/as catadores/as na sociedade brasileira. Mary Alves explicou como se constituiu a inclusão sócio econômica dos catadores e catadoras, falou da legislação que, segundo ela  dá sustentação à categoria. Os galhos simbolizaram as dificuldades enfrentadas pelos/as catadores/as e as folhas simbolizaram as soluções apontadas, essas duas partes da árvore foram montadas pelos grupos de catadores/as. Após a construção da árvore, foi exibido o VT do Projeto Cooperar Para Melhor Coletar.

Em seguida, foi feito o exercício de pensar sobre os direitos humanos, logo após foi realizado um resgate da história dos direitos humanos. Para dar mais respaldo ao debate, as facilitadoras exibiram o filme “Um Sonho impossível?” que gerou a discussão e serviu para os participantes refletirem sobre as desigualdades, seja, com relação a gênero, cor, ou classe social.

DSCN7198Finalizando o curso, foram entregues kits com equipamentos de proteção individual (EPIs) para cada participante. O kit contém três pares de luvas sendo, um par de raspa de couro, um par de borracha e um par de pano pigmentada, além de camisa, calça e um boné. Durante a entrega foram apresentadas as ações do projeto nos municípios de Campina Grande, Lagoa Seca e Queimadas. Mary Alves destacou que o projeto não termina com a entrega dos equipamentos de proteção, pois ainda haverá outros cursos e oficinas para os catadores/as do município. Ela também reforçou o chamamento, que é preciso que os catadores/as participem para que tenham a sua realidade modificada.

DSCN7188A catadora Maria José Gomes ficou satisfeita com a formação e se comprometeu a compartilhar o que aprendeu durante o curso e a seguir se capacitando: “eu aprendi muito com esta formação e vou passar o que aprendi para os outros catadores, nós vamos nos organizar, gostei tanto que vou participar dos outros cursos. Eu não usava equipamento de proteção, mas hoje aprendei a importância, vou usar para minha segurança”, concluiu.

O curso fez parte do processo de formação que inclui outros nove cursos como este para turmas distintas, do Projeto “Cooperar para Melhor Coletar e a Vida melhorar” realizado pelo Centro de Ação Cultural (CENTRAC), com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES).