Na última quinta-feira, 05 de março, foi encerrado o Curso de Formação em Economia Solidária e Direitos Humanos, que reuniu 40 catadores e 
catadoras dos empreendimentos solidários de Campina Grande: Centro de Arte em Vidro (CAVI), Cooperativa de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (CATAMAIS), Associação de Recicláveis Nossa Senhora Aparecida (ARENSA) e Cooperativa dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis (COTRAMARE). A atividade é mais uma iniciativa do Projeto Cooperar para Melhor Coletar, desenvolvido pelo Centro de Ação Cultural (CENTRAC).
Os dois módulos do curso aconteceram no Centro Artístico Cultural da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), das 8h às 17h, sendo o primeiro módulo destinado à economia solidária, realizado no dia 26 de fevereiro, e o segundo aos direitos humanos, no dia 05.
Durante o segundo módulo, que iniciou com um café da manhã e uma “dinâmica do nó”, Mary Help relembrou os princípios da economia solidária e o que a diferencia do modo de produção capitalista. Em seguida, foram divididos quatro grupos para manter os acordos de convivência durante o dia, cada grupo recebeu uma fita indicando uma das cinco cores da coleta seletiva (amarelo, verde, azul, vermelho e marrom).
Para introduzir o tema “Direitos Humanos” os catadores/as participaram da dinâmica dos obstáculos. O objetivo era que um representante de cada grupo, que estava de olhos vendados, chegasse até o início da sala, passando pelas cadeiras (obstáculos), guiados apenas pelas vozes dos companheiros. Com essa dinâmica, a turma refletiu sobre a importância do trabalho em grupo e da cooperação para alcançar seus objetivos. Após este momento, a educadora do Projeto Cooperar para Melhor Coletar, Jussara Abdala, falou sobre a importância do trabalho dos catadores, suas lutas, conquistas e as principais violações de seus direitos, entre eles a servidão por dívida; discriminação, violência física e moral.
Ainda pela manhã, a turma assistiu ao vídeo “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e o documentário “Extremos”: Como Estado e Sociedade Vivem em defesa dos Direitos Humanos, de João Freire. Depois, cada grupo se reuniu para discutir o que haviam entendido sobre direitos humanos e em seguida apresentaram para a turma.
A catadora Alciete Luís da Silva participou do curso e é integrante COTRAMARE desde 2001, mas começou a trabalhar no lixão com apenas oito anos de idade: “No local era sobrevivência, mas lá a gente percebeu que estar numa associação seria melhor. Agora na COTRAMARE, a gente trabalha em grupo, a rede é melhor, é um trabalho digno”, disse Alciete. A catadora ainda falou sobre a importância do curso para seu trabalho: “Nós aprendemos muita coisa sobre as leis, sobre o que é economia solidária, direitos humanos e as meninas tem um bom diálogo, tudo que elas explicam de uma forma que a gente entende”, avaliou.
No período da tarde, Mary Help, coordenadora do Projeto construiu uma linha do tempo sobre os Direitos Humanos no Brasil, a partir da década de 60 até os dias atuais. Para finalizar, os catadores fizeram uma avaliação dos dois dias de curso. A catadora Lourdes Bezerra, 52 anos, é integrante da Cooperativa CATAMAIS e falou sobre sua participação no curso: “A cada formação que eu participo, eu aprendo mais como trabalhar na cooperativa e sobre os nossos direitos”, disse.
No encerramento, os participantes receberam os certificados e um kit de Equipamento de Proteção Individual (EPI), contendo três luvas, uma calça, uma camisa e um boné, receberam ainda orientações sobre a importância de estar protegido ao desenvolver a atividade e a melhor forma de usar os equipamentos de proteção.