Com o tema “Produto Orgânico: Melhor para a Vida!, a Comissão de Produção Orgânica da Paraíba (Cporg) e a Articulação do Semiárido Paraibano (Asa PB) realizaram um Webnário para celebrar a 17º Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico. O evento acontece nos dias 27 e 28 de julho, através do YouTube do Núcleo de Extensão Rural Agroecológico (NERA) e pelo Facebook da Rede Asa.
Dando início ao evento, Betânia Buriti e Isabel Santos, da coordenação da Cporg, deram as boas vindas as/aos participantes. “Esse evento tem como objetivo incentivar os consumidores e consumidoras sobre a importância, do consumo e da produção dos produtos orgânicos, fazendo uma abordagem sobre os benefícios ambientais, sociais e nutricionais desses produtos e também dar visibilidade aos produtores e produtoras e ao produto orgânico no âmbito estadual e nacional”, afirmou Isabel.
Em seguida, houve uma socialização de vivências dos Organismos de Controle Social (OCS) e do Sistema Participativo de Garantia (SPG). Estavam presentes neste momento: Breno Matos, OCS Conde Orgânico; Gerusa Marques, OCS Borborema; Alexandre Almeida, SPG e Rede Borborema de Agroecologia e Amanda Procópio, SPG e Associação de Certificação Participativa dos Produtores Agroecológicos do Cariri Paraibano (ACEPAC). O evento contou com a mediação da professora Élida Barbosa, da Universidade Estadual da Paraíba – Campus Lagoa Seca PB.
“Emitimos nossos certificados em 2016 e ter um SPG é muito importante”, ressaltou o agricultor Alexandre Almeida, da SPG e Rede Borborema, falando ainda sobre a importância de acompanhar os agricultores para garantir a qualidade da certificação. “Tanto as comissões, como a direção e os agricultores têm que ter o mesmo conhecimento porque a certificação é participativa”, disse Alexandre Almeida.
Gerusa Marques, da OCS Borborema, falou sobre algumas dificuldades e também sobre a produção orgânica durante o período de pandemia. “Nós temos um quadro de 280 sócios na Rede OCS Eco Borborema. Mais ou menos 80 já são cadastrados no Mapa. Hoje nós temos 12 feiras agroecológicas. Algumas com dificuldades por causa desse clima que não nos favorece e também com a pandemia. Feiras que tinham vinte agricultores, agora tem seis ou oito. Mas mesmo assim a gente se sente realizado diante de tudo que viemos passando, pois continuamos produzindo e temos um bom número de feiras em vários municípios”, ressaltou.
“O mais importante quando se cria uma associação ou uma OCS, eu acho que é a formação dos agricultores, para eles se empoderarem e terem autonomia para caminhar além dos projetos”, disse Amanda Procópio da ACEPAC.
No segundo momento, foi realizada a 1ª Mesa de Diálogos: Como a Produção Orgânica de Base Agroecológica pode mitigar a fome que está de volta ao Brasil. A convidada foi Madalena Medeiros, integrante da ASA Paraíba e do Centro de Ação Cultural (Centrac).
Madalena falou sobre a vivência da ASA-PB enquanto rede que atua no combate à fome e tem experiências concretas na região do Semiárido Paraibano. “Fome não é algo natural, a fome é resultado da ausência de políticas públicas e é violação do Direito Humano a Alimentação. A pessoa humana precisa estar livre da fome e ter direito a alimentação adequada”, afirmou Madalena, apresentando também as ações de enfrentamento a fome. “Nós enfrentamos a fome com a produção de comida de verdade, alimentos agroecológicos, livres de agrotóxicos, transgênicos e fertilizantes químicos e de todos os tipos de contaminantes, inclusive os sociais. Se tem exploração das mulheres, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais e das famílias camponesas, se tem sangue não é comida de verdade. A produção da comunidade de verdade não mata nem por veneno e nem por conflito. Ela respeita a diversidade dos povos e das sementes crioulas, nativas e não tem dependência das sementes comerciais”, ressaltou.
Madalena apresentou algumas conquistas inspiradoras ao longo dos anos. “Nós saímos do Mapa da Fome em 2014 com as experiencias de Economia Solidária, surgiram feiras agroecológicas, fortalecimento dos Bancos Comunitários de Sementes e dos Fundo Rotativos Solidários e havia um fortalecimento muito grande de políticas públicas, entre elas o Programação de Aquisição de Alimentos em todas as suas modalidades, o PNAE, a compra e aquisição de sementes crioulas, o Programa de Acesso à Água, tanto a água de beber como a água de produzir, o Programa Nacional da Agricultura Familiar, entre outros. O conjunto dessas políticas e muitas ações de convivência com o semiárido: os reusos de água, os biodigestores, os barramentos de Base Zero, os Bancos de Sementes, a estocagem de forragem e entre outras permitiram que as famílias agricultoras, dos sete territórios da ASA, pudessem enfrentar a fome durante a pandemia sem grandes problemas, o mesmo não ocorreu com as famílias que não acessaram essas políticas públicas em anos anteriores” contou Madalena.
Em seguida, foi realizado um debate de impressões com participação de Alexandre Eduardo, Professor do Bacharelado em Agroecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Bivar Duda, da Secretaria de Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido (SAFDS).
“Nós temos um cenário de destruição do nosso meio ambiente e isso leva a pobreza e gera condições piores de permanência no campo. Essas redes da agricultura familiar construíram experiências concretas utilizando tecnologias agroecológicas de produção sustentável, rompendo um paradigma de que para produzir é preciso degradar, essas experiências foram validadas em todo âmbito nacional”, disse Alexandre Eduardo.
No dia 28, quarta-feira, a programação segue com as mesas de diálogos 2 e 3: “Apreciação da Portaria 52/2021-Mapa”, a partir das 15h e “Aumento do uso do agrotóxico e o impacto na vida das pessoas”, das 19h às 20h. Os momentos contarão com a participação de representações da Coordenação da Cporg-PB, da Comissão de Produção Orgânica Nacional e do Comitê da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos.
Para conferir o primeiro dia do evento, acesse os links: https://www.facebook.com/306856726186497/videos/1199948967095099
https://www.youtube.com/watch?v=L6-k-QIdhuo
Semana de Orgânicos
Desde 2018, a Semana dos Orgânicos é comemorada com a realização da “Feira Regional de Produtos Agroecológicos: “Por um São João Livre de Transgênicos e Agrotóxicos”, que acontece na Praça da Bandeira, em Campina Grande-PB. Devido a pandemia da Covid-19 e a suspensão das feiras regionais, o evento tem sido realizado de forma virtual desde 2020.