Reunidas no ato-político cultural “Pela Vida das Mulheres, Ele Nunca Mais!”, mulheres do campo e da cidade de diversas entidades, movimentos sociais e sindicatos levantam suas bandeiras de luta e de suas conquistas históricas, na Praça da Bandeira em Campina Grande, no 8 de março – Dia Internacional de luta das Mulheres. O evento foi realizado durante toda manhã com uma programação cultural, feira agroecológica e solidária e a terceira edição do Bloco Mulheres da Rua, que animou o evento, com banda de Frevo da UEPB e apresentações das cantoras Adília Uchôa e Vivi Stayner.
Agricultoras e agricultores do Fórum de Lideranças do Agreste (Folia), dinâmica territorial acompanhada pelo Centro de Ação Cultural – CENTRAC estiverem presentes no ato, comercializando os produtos da agricultura familiar junto com outras mulheres na feira agroecológica e da economia solidária, que contou com 23 expositoras, dentre elas agricultoras do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do Polo da Borborema e da Eco Borborema, integrantes da Articulação do Semiárido Paraibano (Asa PB).
O evento contou com a intervenção de diversas mulheres que falaram sobre a importância da data e em prol da equidade de gênero e da justiça social, reforçando a bandeira do fim do governo Bolsonaro e por um Brasil sem machismo e sem feminicídio, sem racismo e sem fome. “A gente luta pelos direitos das mulheres da cidade e do campo, por uma vida livre, longe de violência, essa que nos oprime e que nos mata. Lutamos por tudo que perdemos com esse desgoverno machista, racista e genocida”, afirmou Ana Patrícia Sampaio, assessora técnica do CENTRAC, que participou do ato.
O Sindicato Estadual dos Empregados Domésticos da Paraíba, subsede Campina Grande, se somou a luta, levantando a bandeira da Campanha “Trabalhadoras Domésticas têm Direito! Pela efetivação da convenção 189”. “São 30 anos de profissão, de trabalhadora doméstica com maior orgulho, mas infelizmente enfrentando esse desafio durante todos esses anos pela efetivação dos nossos direitos, uma garantia que ainda não temos”, afirmou Chirlene dos Santos, integrante da diretoria do Sindicato estadual da categoria.
A programação do 8M foi finalizada à noite com uma Sessão Especial na Câmara Municipal de Vereadores de Campina Grande, que foi presidida pela Vereadora Jô Oliveira (PcdoB). “Essa data marca um dia de luta, de reflexão sobre nós na sociedade e um momento para estarmos juntas construindo possibilidades. Se esse dia ele já emblemático para nós na luta, para mim hoje ele tem um elemento ainda mais especial porque é a primeira vez que na condição de cidadã, negra, campinense, eleita para ser vereadora na cidade de Campina Grande, que a gente consegue trazer o movimento de mulheres aqui para essa casa”, afirmou a Vereadora, que é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal.
“Para chegar aqui aonde estou não foi fácil e não é fácil para nenhuma de nós ocupar esse lugar de fala. Dias atrás vimos em grande repercussão um resgate de uma trabalhadora doméstica que se encontrava em trabalho análogo à escravidão e ainda usarem aquela triste frase: ‘mas ela é quase da família’. Não queremos ser da família de ninguém. Queremos dizer a todos que o que queremos são a garantia dos nossos direitos e vamos continuar lutando todos os dias contra a violência, contra o machismo, o fascismo e combate ao preconceito”, ressaltou a trabalhadora doméstica Chirlene dos Santos.