Famílias agricultoras de Campina Grande recebem cisterna para produção de alimentos

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 3 de junho de 2024

Ter acesso a uma alimentação saudável, de qualidade e em quantidade suficiente é um direito de todas as pessoas. Com as cisternas de água para produção de alimentos do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação do Semiárido Brasileiro, as famílias podem estocar água nos tempos de fartura para ter nos tempos de escassez e produzir comida de verdade.

Nos assentamentos José Antônio Eufrouzino, Pequeno Richard, Vitória e Quebra Quilo, em Campina Grande, cerca de 30 famílias participaram do curso do Sistema Simplificado de Manejo da Água (SISMA), que faz parte das ações do P1+2. Durante a formação, as famílias relembraram o Curso de Gerenciamento de Água para a Produção de Alimentos (GAPA) e as estratégias para a convivência com o Semiárido.

No SISMA, realizado pelo Centro de Ação Cultural – CENTRAC, o objetivo foi refletir sobre o manejo de água e dos recursos naturais, identificando modelos de agricultura, como a baseada no agronegócio, a agricultura orgânica e a agroecológica. As famílias debateram sobre a importância do Bioma Caatinga e a conservação dos bens comuns.

As ameaças para a conservação desses bens comuns e para a produção de alimentos vegetais e animais foram discutidas, como o desmatamento, as energias eólica e solar em grande escala, sementes transgênicas, monocultura, falta de estocagem de água e forragem, e mudanças climáticas. “Hoje temos nas mãos o que o planeta correrá atrás no futuro, que são nossas sementes adaptadas as altas temperaturas e escassez de água. As sementes do nosso quiabo, feijão, maxixe não vêm do supermercado, são nossos patrimônios, sabemos como e quando plantar. Temos a riqueza de como plantar e alimentar nosso planeta e precisamos valorizar isso”, reforçou Madalena Medeiros, coordenadora do P1+2 do CENTRAC.

A agricultora Rosilene Ferreira, do Assentamento Eufrouzino, vai receber a cisterna calçadão e pretende aumentar sua produção de hortaliças e verduras. Atualmente, ela cultiva coentro, alface, pimentão, abobrinha e investe na criação animal. Com a chegada da cisterna, poderá cercar um espaço da propriedade para proteger as plantas e também aumentar a área de cultivo. “Eu já fiz as sementes do coentro, já deixei tudo armazenado para quando a cisterna chegar, já vou estar preparada. Não quero mais consumir esses alimentos de fora, quero produzir aqui, sem veneno”, disse a agricultora.

A agricultora Helenita também vai receber a cisterna calçadão. Ela já cria galinhas de capoeira e porcos e pretende investir na estrutura do galinheiro.

Ainda na capacitação, as famílias que vão receber as cisternas calçadão ou enxurrada, dialogaram sobre a preservação e multiplicação das sementes crioulas, a divisão justa do trabalho doméstico, o manejo agroecológico e planejaram sobre a melhoria dos seus quintais, identificando as potencialidades e elaborando estratégias que possam fortalecer a segurança alimentar e nutricional e a soberania alimentar da família.