Cerca de 60 agricultoras, agricultores e jovens do Fórum de Lideranças do Agreste (Folia), se reuniram em Campina Grande para o Encontro de Planejamento das ações para 2025. O evento aconteceu no dia 21 de fevereiro e contou com a participação de representantes dos municípios de Campina Grande, Puxinanã, Mogeiro, Aroeiras, Umbuzeiro, Ingá, Itatuba, Barra de Santana, Serra Redonda, Gado Bravo, Fagundes, Salgado, Mulungu, Gurinhém, Itabaiana e Santa Cecília, que integram o Folia. O Evento também contou com a participação de representantes de Secretarias de Agricultura e outras lideranças políticas desses municípios.
As equipes do Centro de Ação Cultural (CENTRAC) e do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), organizações de assessoria do Folia, apresentaram os resultados do monitoramento de diversas iniciativas desenvolvidas no território do Agreste, como os Fundos Rotativos Solidários (FRS), a comercialização de alimentos, o nível de estoque de sementes, o aumento do armazenamento de água e o reuso da água.
Os dados levantados sobre comercialização nas feiras locais e regionais, vendas porta a porta e através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) indicaram que 11 famílias comercializam 65 variedades de alimentos nos municípios de Mogeiro, Aroeiras, Puxinanã e Campina Grande em 2024. “Monitorar esses dados é essencial, porque o monitoramento é uma ferramenta política para incidirmos nos espaços de construção de políticas públicas”, ressaltou Zilma Maximino, assessora técnica do CENTRAC.
O levantamento também apontou avanços na estruturação dos quintais agroecológicos, com a instalação de telas para ampliação de sistemas agroflorestais, sombrites, tanques de placas e a ampliação do acesso a mudas, sementes e palma forrageira. Além disso, o Programa Cisternas viabilizou a construção de reservatórios para captação de água de beber e de produção de alimentos vegetais e animais.
Outro ponto destacado foi o fortalecimento das estruturas organizativas do Folia, como os Fundos Rotativos Solidários (FRS) e os Bancos Comunitários de Sementes (BCS), além da realização de formações para ampliar a autonomia das comunidades, especialmente das mulheres e jovens. Atualmente, nove bancos de sementes estão em funcionamento no território, envolvendo 219 pessoas e garantindo a preservação e o intercâmbio de uma grande diversidade de sementes, como feijões, milho, fava e jerimum. “Esses dados mostram a riqueza do nosso território e como as famílias não apenas produzem, mas também comercializam, gerando renda, autonomia e fortalecendo a segurança alimentar e nutricional”, destacou Madalena Medeiros, assessora técnica do CENTRAC.
O agricultor Marcos Eloi, do assentamento José Antônio Eufrouzino, em Campina Grande, ressaltou a importância dos Fundos Rotativos Solidários para as comunidades. “O fundo rotativo foi o que ajudou muitas famílias durante a pandemia. Tinha gente sem ter o que comer, gente que precisava de um remédio. E o fundo rotativo foi fundamental nesse momento”, destacou Marcos.
A jovem Beatriz, integrante do FRS de juventude do assentamento, também compartilhou sua experiência. “Foi a partir do FRS que a juventude do nosso assentamento se mobilizou. Hoje temos um grupo com 23 jovens, com circulação de animais, dinheiro e várias formações. Foi muito importante para a gente”, contou.
Além da troca de experiências, o encontro promoveu uma feira de troca de sementes e mudas. As agricultoras e agricultores partilharam sementes de jerimum, favas, feijões, mudas de plantas frutíferas e medicinais, espécies nativas da Caatinga e de macaxeira. A agricultora Lindalva, de Mogeiro, levou para casa mudas de manjericão roxo para ser utilizada no beneficiamento de pomadas junto ao grupo de mulheres da sua comunidade.
“Aqui é onde trocamos experiências e nos fortalecemos. O CENTRAC e a SPM estão ao nosso lado para nos dar as mãos e nos apoiar”, afirmou Daniela, agricultora do assentamento José Antônio Eufrouzino, em Campina Grande.
O encontro também propiciou uma avaliação sobre a execução do Programa Uma Terra, Duas Águas (P1+2), executado no município de Campina Grande, onde se discutiu as mudanças positivas no agroecossistema familiar com a chegada das cisternas de produção.
Durante o encontro, foram entregues a agenda e o calendário 2025 do CENTRAC, que esse ano traz como tema “Agroecologia: caminho para a defesa dos bens comuns”, integrando a Campanha Multiplique Sementes Crioulas – Conserve Memórias no Mundo, apoiada por CCFD e Misereor. O grupo também construiu um cronograma com as ações do ano, incluindo o II Encontro de Mulheres, a ser realizado no Março de lutas das Mulheres.
O evento contou com o apoio de Misereor, Manos Unidas e CCFD-Terre Solidaire, organizações da cooperação internacional que têm contribuído com os projetos promovidos pelo CENTRAC na região.