Agricultoras participam de Intercâmbio e troca de experiências sobre organizações associativas geridas por mulheres

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 22 de maio de 2025

Agricultoras dos Assentamentos Pequeno Richard e José Antônio Eufrouzino, no município de Campina Grande (PB), participaram de um intercâmbio para conhecer a experiência da Associação Ecoborborema e da CoopBorborema, ambas localizadas no município de Lagoa Seca e geridas por mulheres agricultoras.

Em uma roda de conversa conduzida pelas dirigentes e agricultoras Marlene Pereira e Anilda Batista, foram compartilhadas trajetórias de vida, estratégias de gestão, desafios enfrentados e superados, bem como os principais avanços e aprendizados que podem inspirar e fortalecer as mulheres que estão começando a ocupar esses espaços de participação e liderança nas suas comunidades.

Após esse momento de troca, as participantes conheceram a estrutura que abriga tanto a Associação Ecoborborema quanto a Cooperativa CoopBorborema. O espaço conta com uma cozinha-escola equipada com fogão industrial e despolpadeira, onde é feito todo o processamento de alimentos agroecológicos produzidos pelas famílias agricultoras, como bolos e pães de milho crioulo, polpas e geleias de umbu, além do beneficiamento do milho em produtos como cuscuz, fubá, xerém e mungunzá.

O local também possui uma câmara fria destinada ao armazenamento de sementes de batata agroecológica, que abastece as famílias agricultoras da região. 

Marlene Pereira explicou que toda a produção da EcoBorborema é comercializada em feiras locais e nas feiras agroecológicas de outros municípios da região e que a certificação agroecológica é fornecida pela EcoBorborema, que é credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como Organização de Controle Social (OCS) responsável por garantir, por meio da certificação participativa, que os alimentos comercializados nas feiras são, de fato, orgânicos e produzidos conforme os princípios da agroecologia.

As mulheres que integram a direção da associação e da cooperativa também participam ativamente da direção do sindicato local e são responsáveis pela organização anual da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia. tudo com uma boa dose de determinação para construir autonomia e romper com as estruturas machistas dentro de casa e nos espaços públicos.

“Foi um dia de muito aprendizado pra gente. Ver o desempenho delas na associação e no sindicato nos motivou bastante, aqui no Assentamento José Antônio Eufrozino, a reabrir a nossa padaria. Conhecemos muitas experiências com o milho da paixão, todos livres de veneno e transgênicos, e também com a produção da batatinha agroecológica. E foi importante pra gente sentir a motivação delas e saber que nós, mulheres, podemos ir onde quisermos e fazer o que a gente quiser. Muitas de nós ainda enfrentamos dificuldades para participar das ações do sindicato e da associação, seja por conta dos serviços de casa ou dos maridos”, contou a agricultora Rosalia Antônio da Silva.

Para Jarcira Oliveira, assessora técnica do Centro de Ação Cultural – CENTRAC, organização responsável pela realização do projeto ‘Fortalecimento de sistemas alimentares com mulheres no semiárido paraibano’, com o apoio de Manos Unidas, a estratégia de intercâmbio auxilia no processo de emancipação das mulheres que ainda encontram dificuldades para participar desses espaços de gestão associativa, seja por receio de não terem capacidade, pela falta de tempo ou pela ausência de apoio de seus companheiros. Ao conhecerem as experiências de outras agricultoras, com realidades semelhantes e que conseguiram superar desafios, elas se sentem motivadas a se envolver e a contribuir para o desenvolvimento de outras mulheres e de suas comunidades.”

O intercâmbio também promoveu um diálogo sobre Economia Solidária, com a participação de agricultoras dos municípios de Pocinhos, Montadas e São Sebastião de Lagoa de Roça, que são acompanhadas pelo projeto “Tecendo Redes para o Bem Viver”, desenvolvido pela Cáritas Nordeste.

As 15 agricultoras que participaram do intercâmbio estão envolvidas na gestão de alguns espaços comunitários como Fundo Rotativo Solidário, Banco de Sementes, Associação, Conselhos e estão envolvidas com ações formativas que também contam com o apoio de CCFD e Misereor.