Pelo segundo ano consecutivo, uma edição da Feira Regional de Produtos Agroecológicos comemorou o Dia Mundial da Alimentação na Praça da Bandeira, Centro de Campina Grande-PB. Na manhã desta quarta-feira, 16 de outubro, o evento ofereceu uma diversidade de alimentos in natura e beneficiados, livres de agrotóxicos e transgênicos, além de um conjunto de atrações culturais com música, dança e teatro de bonecos.
A Feira Regional de Produtos Agroecológicos foi promovida pelo GT de Comercialização da Articulação do Semiárido Paraibano – ASA Paraíba, pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da Paraíba – Consea e pelo Fórum Paraibano de Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional. O evento teve como parceiros o Núcleo em Extensão Rural da Universidade Estadual da Paraíba – NERA/UEPB e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida.
“Essa feira é fruto do trabalho árduo de centenas de famílias agricultoras, tudo que vocês estão vendo aqui está ligado com as cisternas, com os bancos de sementes comunitários, fundos rotativos solidários e outras expressões coletivas da organização do nosso povo. Comprar aqui hoje significa não apenas contribuir com a sua saúde mas também melhorar a renda destas famílias agricultoras”, destacou Emanoel Dias, assessor técnico da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e do GT de Comercialização da ASA Paraíba durante a abertura oficial da feira.
A programação da feira aliou a comercialização com atividades culturais e pedagógicas, em um espaço dividido com 30 barracas, onde cerca de 80 feirantes de diversas regiões da Paraíba venderam seus produtos. Uma tenda montada no local dialogou com os visitantes e distribuiu materiais educativos e informativos com receitas de alimentos beneficiados e de produtos naturais usados pelos/as agricultores/as para o controle de pragas e doenças nas plantações, além de alertas sobre o grau de contaminação de cada alimento cultivado com agroquímicos.
A professora do curso de Agroecologia da UEPB e representante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, Shirleyde dos Santos, falou sobre a necessidade de mais reflexão e ação da sociedade sobre como os alimentos são produzidos. “Estamos vendo hoje como é tão necessário falar sobre essa campanha e a preocupação com a agricultura é de toda a sociedade, nós devemos nos lembrar dos agricultores pelo menos três vezes ao dia, quando tomamos café, almoçamos e jantamos”.
Uma exposição montada no local mostrou os trabalhos artísticos de crianças de escolas públicas e privadas de Campina Grande usando sementes e folhas. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Almirante Tamandaré, do Assentamento José Antônio Eufrozino, em Campina Grande foi uma delas. Participaram da feira 19 alunos do 1º ao 5º ano do fundamental. De acordo com a diretora Noelma de Fátima Pereira, a escola sempre busca dialogar com a realidade dos alunos adequando o seu currículo aos temas vivenciados por elas.
Em parceria com o Centro de Ação Cultural – Centrac, a escola desenvolveu uma atividade de formação com as crianças sobre o tema “Comida de Verdade”, o que estimulou a confecção dos trabalhos. Para a diretora, o tema da alimentação é importante não só para educar quanto ao que deve ser preferido ou evitado, mas também ajuda a valorizar o trabalho dos pais das crianças na produção de alimentos.
24 alunos do 4º ano do ensino fundamental do Colégio Petrônio Figueiredo em Campina Grande participaram da feira. Eles debateram previamente sobre a diversidade alimentar em sala e construíram trabalhos com as variedades de feijão que descobriram em suas pesquisas. A professora Jadeilda Marques, foi a responsável pelo projeto “Existe mais de um tipo de feijão no meu prato”, que levou as crianças a se interessarem pelo consumo do alimento e suas histórias: “Nós víamos que algumas crianças não gostavam de feijão e mesmo as que o consumiam, conheciam apenas um ou dois tipos. Nossa intenção foi a de estimular o interesse pelo alimento saudável, tirando-as um pouco dessa alimentação mais artificial”, explicou.
Madalena Medeiros, representante do Centrac, do Consea-PB e do Fórum de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional da Paraíba, usou sua fala para denunciar o momento atual pelo qual o país passa, com a liberação de um número recorde de novos agrotóxicos sem precedentes na história. “O Estado, que deveria garantir e proteger o direito humano à alimentação vem justamente violando esse direito, com a liberação de mais de 400 agrotóxicos só este ano. Muitos destes com princípios ativos capazes de causar mal de Parkinson, má formação em fetos, distúrbios hormonais e câncer”.
Uma série de atrações culturais dividiram espaço na feira, a primeira delas foi a apresentação de um Teatro de Bonecos, que divertiu o público com uma história sobre o modelo de produção de alimentos que traz a morte. Na sequência, o Trio de Forró Acauã da Serra se apresentou e encerrando a programação, houve um show com o grupo Sambatap, que une a musicalidade do samba com a dança do sapateado. A Feira conta com os apoios financeiros das agências de cooperação internacional Misereor e CCFD Terra Solidária e da Plataforma Mercosul Social e Solidário – PMSS e da Fundação Banco do Brasil – Voluntários.