Os empreendimentos que compõem o Fórum Estadual de Economia Solidária da região Agreste estão participando de um processo formativo composto por sete módulos proposto pelas entidades de Assessoria, CENTRAC e Incubadora de Empreendimentos Econômicos Solidários (IUESS), que teve início nesta segunda-feira, 15 de agosto, na sede Centro de Ação Cultural – Centrac. O primeiro módulo foi sobre o tema “Economia Solidária e Autogestão”. A atividade foi realizada pelo Fórum Estadual de Economia Solidária da Paraíba reunindo cerca de 30 pessoas, entre elas artesãos e artesãs, agricultores e agricultoras familiares, catadores e catadoras de materiais recicláveis e assessores técnicos das entidades de apoio.
O curso teve início às 8h30 com uma dinâmica de apresentação. Em seguida, foi discutida a agenda do Fórum Estadual e as suas demandas. A coordenadora do Projeto Cooperar para Melhor Coletar do Centrac, Mary Alves, falou sobre o significado da economia solidária e as conquistas durantes os últimos anos. “Nós, enquanto grupo, empreendimentos, militantes, através dessa forma de economia, diferente da economia capitalista, nos organizamos para suprir nossos desafios. A gente conquistou uma secretaria de Economia Solidária, ela estava disseminando recursos pelo Brasil, mas com essa conjuntura política não existe mais recurso, tudo o que foi construído durante anos está sendo extinto. Se a gente não estiver aqui pra resistir, vamos ter perdas maiores”, ressaltou Mary Alves.
A coordenação do Fórum destacou que uma das agendas principais para os próximos meses é o cadastramento e o recadastramento dos Empreendimentos que compõem o Fórum do Agreste, além de visitas aos mesmos, para que sejam identificadas demandas e proposto um assessoramento técnico adequado por parte do CENTRAC e da IUEES. Tal proposta também suprirá a necessidade de conhecimento da coordenação do Fórum sobre os grupos que fazem a economia solidária no território do Agreste, sendo necessário ainda para a comissão do Cadastro Nacional dos Empreendimentos Econômicos Solidários – CADSOL. “O CADSOL é o reconhecimento, é um certificado que lá no futuro vai garantir que a gente realize nosso trabalho e pra que a gente possa ter acesso as políticas públicas, por isso é importante que todos os grupos estejam cadastrados”, disse a presidente da Associação dos Artesãos da Rainha da Borborema – ATERB, Carleuza Rodrigues.
Dando início a formação, foi feita a leitura coletiva do texto “Economia solidária: um espaço peculiar de educação popular”. Durante a leitura, os participantes foram debatendo os principais pontos do texto. “A gente não pode viver em um movimento sem formação. É necessária uma formação contínua dentro do empreendimento, dentro do Fórum, para que a gente se fortaleça e vista a nossa camisa, a camisa da coletividade, da união, do reconhecimento e de que o nosso trabalho vale a pena”, afirmou a coordenadora da Incubadora – Universitária de Empreendimentos Econômicos Solidários – IUEES da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Crislene Morais, apresentando ainda alguns princípios da economia solidária, entre eles a autogestão, democracia, cooperação, centralidade do ser humano, valorização, emancipação, justiça social e preservação ambiental. Após a leitura, foram divididos cinco grupos para trabalhar os temas: Cultura e Cuidado; Trocas e comercialização; Mística, Sistematização e avaliação.
No segundo momento, os trabalhos em grupos foram apresentados. “A gente que pratica a economia solidária, quando a gente esta comercializando, nós temos os nossos interesses, mas quando você esta envolvido com esse movimento, praticando um novo conceito de comercialização, você entende que vender não é o mais importante. O mais importante é partilhar, socializar. Eu já participei de muitas feiras e não vendi nada e nem por isso eu deixo de participar. A troca de conhecimento, de valores, de amizade, isso é muito importante, isso é economia solidária”, disse a artesã Socorro Moraes.
Ainda foi apresentado a animação “O Homem Capitalista” e o vídeo “Economia solidária, uma outra economia”. Posteriormente, os grupos fizeram um mural sobre a economia solidária e outro sobre a capitalista, explicando o que foi discutido durante o curso. “A gente que faz parte da coordenação do fórum se sente muito orgulhosa desse momento, a nossa luta vem de muito tempo, e há muito tempo a gente sentia a necessidade de que tivéssemos essas formações, para os que já estavam no Fórum e para os que estão chegando. Hoje, eu sei que a gente pode chegar em outros estados e falar como é nossa região agreste. E a partir de hoje a gente vai ter história pra contar”, falou a integrante da Associação de Mulheres de Campina Grande – AMA-CG, Adriana Meira.
O curso para os empreendimentos que compõem o Fórum Estadual de Economia Solidária da região Agreste tem um total de sete módulos. O próximo módulo será realizado na UFCG sobre “Cooperativismo e Associativismo”, no dia 19 de setembro.