“Estamos no auge do plantio, mas o que enfrentamos é um planejamento desprovido de calendário e tratores quebrados”

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 5 de abril de 2024

Esse foi o relato  da agricultora Josefa Gomes, da Serra Joaquim Vieira, ao secretário municipal de agricultura Renato Gadelha. Ela e cerca de 20  agricultoras e agricultores de Campina Grande se reuniram nesta sexta-feira (05 de abril) na Secretaria de Agricultura – SEAGRI, para pressionar a efetivação de demandas frequentemente ignoradas pela administração municipal.

Representantes das comunidades Sítio Castelo, Serra Joaquim Vieira, Assentamento José Antônio Eufrouzino, Pequeno Richard, Quebra Quilos e Vitória estiveram presentes, levantando demandas como um cronograma de corte de terras que respeite o período chuvoso para o plantio, a manutenção de maquinário e aquisições pendentes que nunca se concretizaram. Além da falta de manutenção das estradas rurais que tem isolado as comunidades e assentamentos durante o período das chuvas. 

Essa negligência por parte da prefeitura é particularmente prejudicial considerando a importância econômica e social da agricultura familiar no município. 

Frequentemente, esses serviços são realizados após o período ideal, como em 2023, quando o corte de terras em algumas áreas ocorreu em 23 de junho, durante o período de colheita de milho e feijão, tradicionalmente celebrado durante as festas juninas. As justificativas recorrentes da SEAGRI, como problemas de manutenção de maquinário e aquisições pendentes que nunca se concretizam, têm sido insatisfatórias para as famílias agricultoras. “Se não tenho feijão pra servir para meus filhos, eu preparo bredo e ai quando chegam da lida do roçado, vão ter o que comer, então é isso que a gente espera da SEAGRI. Se o trator quebrou, que providencie outro, se planeje, para não deixar a gente sem o serviço que é tão importante pra gente produzir o alimento”, afirmou a agricultora Josefa Gomes.

“Moramos em uma área semiárida, e se não aproveitarmos o tempo da chuva, não tem lucro. Ano passado foi a mesma situação, o trator não chegou a tempo e tivemos que pagar. Quando ele chegou, o milho já estava na palha. A gente sabe que o trator  quebra, e muitos de nós não têm dinheiro para pagar um corte. Mas precisamos de planejamento e de uma previsão para plantar”, afirmou o agricultor Marcos Eloi do Assentamento José Antônio Eufrouzino.

A resposta do secretário da pasta foi que estão aguardando a chegada de cinco novos tratores, que no momento estão vindo da China , e não tem estimativa de prazo para chegada ao Brasil. Mas afirmou: “Ninguém deixará de lucrar por falta de corte de terra”, mencionando a possibilidade de realizar um mutirão com todos os tratores, se necessário, para garantir o corte de terra a tempo.

Há pelo menos dois anos, a SEAGRI tem informado ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS sobre a aquisição de novos tratores, caçambas e grades. No entanto, esse maquinário até o presente não chegou para atender às demandas das famílias que dependem do apoio da Secretaria de Agricultura para viabilizar sua produção.

Durante a mobilização organizada pelo Sindicato dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais de Campina Grande, foi entregue ao Secretário da pasta um ofício com todas as reivindicações, na esperança de que a SEAGRI e a administração municipal se mobilizem com urgência para resolver as questões apresentadas.