Agricultores de Aroeiras-PB debatem estratégias para reversão da desertificação no Semiárido durante oficina

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 22 de setembro de 2016

dscn9867Agricultoras e agricultores familiares do município de Aroeiras – PB, integrantes da Feira Agroecológica, da Comissão Municipal e do Fórum de Lideranças do Agreste – FOLIA, participaram da “Oficina sobre Estratégias para Reversão dos Processos Geradores de Desertificação no Semiárido”, realizada na ultima segunda-feira, 19 de setembro, na propriedade do agricultor Reginaldo Bezerra, na comunidade Ladeira do Chico. A atividade foi facilitada pela coordenadora do Programa Desenvolvimento Sustentável do Centro de Ação Cultural – Centrac, Madalena Medeiros, pelo agrônomo João Macedo e pela articuladora do FOLIA, Maria Valdenice da Silva.

A oficina faz parte das ações do projeto “Da Roça à Mesa: Agroecologia e fortalecimento da agricultura familiar nos mercados locais” desenvolvido pelo Centrac com apoio da Fundação Voluntariado Banco do Brasil, Comitê Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento – CCFD e o Fórum de Lideranças do Agreste – FOLIA, dinâmica territorial que reúne os agricultores e as agricultoras da região. O Projeto, que atende 15 famílias agricultoras inseridas em empreendimentos de produção de base agroecológica em Aroeiras, tem o objetivo de promover a soberania alimentar e nutricional e geração de renda dessas famílias, através da difusão de tecnologias sociais de convivência com o semiárido.

dscn9877No primeiro momento da oficina, Madalena Medeiros do Centrac falou sobre as implementações do Projeto que já estão em andamento no município, como os Sistemas de Manejo Simplificado de Água, os fogões agroecológicos e a instalação de telas de arame galvanizado para otimização da produção animal e vegetal. “Dos quinze manejos simplificados de água, nós já temos seis prontos. E nosso objetivo é melhorar a vida das famílias, aumentar a produção e com os fogões garantir que as famílias não fiquem expostas a fumaça, melhorando assim a saúde e a renda e, sobretudo, fazer com que a gente não corte mais lenha. Hoje vamos conhecer o Sistema de Manejo Simplificado de Água que foi implantado aqui na propriedade de Reginaldo e Severina”, afirmou Madalena.

Em seguida, foi realizada uma discussão sobre as diferenças entre deserto e desertificação, o que causa o processo de desertificação e de que forma é possível combatê-lo. “Quando eu tinha uns 15 anos, tinha uma mata nativa onde é o atual Banco do Brasil aqui em Aroeiras e ela foi destruída. Foi desmatada, queimada, e tudo isso para que a cidade crescesse”, contou o agricultor Expedito. “São ações como essas que contribuem para o processo de desertificação. E se a gente não cuidar em reter a água no solo, ele vai ficar cada vez mais pobre e será cada vez mais difícil reverter esse processo”, disse Madalena.

dscn9883O agrônomo João Macedo apresentou um vídeo com algumas experiências que facilitou, no município de Sousa e Cajazeiras, sobre o combate a desertificação, além dos resultados das experiências feitas por agricultores e agricultoras em outros estados, como os cultivos diversificados; compostos orgânicos; biofertilizantes; inovação tecnológica de adubação orgânica no roçado; cobertura morta; criação de estoques: estruturas para capitação de água; barreiro trincheira, mureta e barragem base zero.

“Nós estamos na região semiárida do mundo que mais chove, que mais tem vida e que mais tem gente morando, mas nós precisamos ter mais cuidado com a natureza, ela precisa de cuidados, o solo precisa de cuidados. Se a gente observar o umbuzeiro, o que acontece no período da seca? Ele derruba todas as suas folhas. Quem não o conhece pensa que é uma planta morta, mas ele guarda sua água na raiz, isso ocorre como uma forma de adaptação ao clima, e em poucas chuvas ele já floresce de novo. A natureza nos ensina o tempo e o processo de desertificação é um sinal de que ela está precisando de ajuda”, ressaltou João Macedo.

dscn9891Os agricultores e agricultoras também fizeram uma visita na propriedade de Reginaldo Bezerra, observando o Sistema de Manejo Simplificado de Água que já esta implementado e ainda se era possível, a partir das condições da propriedade, fazer a Barragem de Base Zero, feita de pedras, próximo de reservatórios preexistentes como forma de reter a água que vem da chuva. Os agricultores identificaram que era possível fazer a barragem na propriedade de Reginaldo.

Para exercer na prática as estratégias para reversão dos processos geradores de desertificação no semiárido, o grupo se reunirá no dia 26 de setembro na propriedade de Reginaldo para dar início a barragem base zero. “A gente precisa realmente se unir, aprender como funciona a barragem e multiplicar”, disse a agricultora Solange Araújo.