Da teoria à prática: Barramento Base Zero

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 28 de setembro de 2016

dscn9968No dia 26 de setembro, segunda-feira, agricultores e agricultoras beneficiários do Projeto “Da Roça à Mesa: Agroecologia e fortalecimento da agricultura familiar nos mercados locais” participaram da oficina prática sobre Estratégias para Reversão dos Processos Geradores de Desertificação no Semiárido, no município de Aroeiras – PB. A atividade aconteceu na propriedade da família de Reginaldo Bezerra e Severina Bezerra, na comunidade Ladeira do Chico, facilitada pelo agrônomo e Consultor do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, João Macedo e pela equipe do Programa Desenvolvimento Sustentável do Centro de Ação Cultural – Centrac.

dscn0016Durante a manhã, os agricultores e agricultoras aprenderam na prática como construir um Barramento Base Zero: uma tecnologia social inovadora que utiliza as rochas que surgem nas áreas rurais em consequência do processo de erosão. O objetivo da Barragem é evitar que o fenômeno de desgaste do solo, decorrente da erosão, tenha continuidade. O uso das pedras serve para conservar a água nos terraços que se formam com a terra que fica na barragem e criar um ambiente adequado para produção de alimentos.

A técnica foi desenvolvida por Arthur Padilha, engenheiro civil de Pernambuco, que desenvolveu um sistema de barragens sucessivas permeáveis e vertedoras (condutoras para a saída da água). O trabalho de Padilha, intitulado Projeto Base Zero, foi adotado pela Agenda 21 na área de Agricultura Sustentável do Governo Federal.

dscn0034“Geralmente as pessoas fazem o barramento reto, mas aqui nós vamos construir um barramento em formato de meia lua, porque dessa forma a força da água não derruba a barreira. Vamos colocar as pedras em forma de “cunha”, uma ao lado da outra e com o tempo à própria areia do terreno vai fazendo a sedimentação”, esclareceu o agrônomo João Macedo, apresentando o passo a passo e algumas ferramentas como o nível de mira e o nível de pedreiro, que podem auxiliar na construção do barramento de base zero.

Depois da escolha do terreno e separação das pedras, o primeiro passo foi encontrar o eixo do barramento, que deve ser perpendicular ao curso das águas. Em seguida as pedras foram sendo colocadas de forma radial, com o menor ângulo voltado para o centro geométrico e a base das pedras voltadas para o arco. Após concluir a linha de pedras do barramento, foi feita a área de arrasto ou saia, para que quando a água ultrapasse a linha, forme uma pequena cachoeira.

dscn0019“Eu acredito que assim como a gente tem o Programa Um Milhão de Cisternas e o Programa Uma Terra e Duas Águas, a gente devia ter também um Programa Um Milhão de Bases Zero, porque isso que estamos fazendo é fundamental para a conservação do solo e não adianta ter água se a gente não tem o principal”, afirmou João Macedo.

dscn0054O agricultor Erinaldo Alves, que tem domínio nas implementações das tecnologias sociais dos Programas Um Milhão de Cisternas e Uma Terra e Duas Águas, também participou da oficina e sentiu-se feliz em aprender sobre mais uma tecnologia. “Eu não conhecia esse sistema de barramento e é muito interessante porque as pedras dão sustentabilidade a parede, a água se distribui melhor e a gente ainda ajuda o solo. Agora vou fazer lá na minha propriedade”, contou o agricultor.

A oficina foi desenvolvida pelo Centrac com apoio da Fundação Voluntariado Banco do Brasil, Comitê Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento – CCFD e o Fórum de Lideranças do Agreste – FOLIA.