“As raças exóticas significam dinheiro para alguns, resultados de pesquisas para outros e prejuízos para os criadores”, afirma especialista

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 14 de agosto de 2018

“Muitas vezes, as raças exóticas significam dinheiro para alguns, resultados de pesquisas para outros e prejuízos para os criadores”, a afirmação é de Haroldo Schistek, agrônomo e pesquisador fundador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Adaptada – IRPAA, de Juazeiro-BA, durante a palestra magistral “Raças Nativas, mudanças climáticas e convivência com o Semiárido”.

A palestra aconteceu na abertura da Oficina Raças Nativas na Agricultura Familiar Agroecológica, que acontece de 14 a 16 de agosto em Campina Grande-PB. Realizam o evento Instituto Nacional do Semiárido – INSA e a Articulação do Semiárido Paraibano – ASA Paraíba em parceria com a Rede Paraibana de Núcleos de Agroecologia. O objetivo é a troca dos saberes tradicional e científico para a construção de conhecimentos, indicação das demandas de pesquisas básicas e aplicadas, formação e difusão de tecnologias sobre a conservação e das raças nativas.

Em sua fala, Haroldo exaltou a capacidade de resistência de animais nativos a exemplo dos caprinos: “Nós temos aqui no Nordeste um patrimônio genético impressionante. Na nossa região se diz que não é o homem que cria as cabras, elas é que criam o homem”, brincou. E continuou “O homem se adaptou menos ao Semiárido que as cabras. Elas são as ‘semiaridenses’ que deram certo”.

O estudioso afirmou que a convivência com o ambiente não é um privilégio das populações do semiárido brasileiro e deu exemplos de populações que ao longo do tempo e ao redor do mundo vem desenvolvendo estratégias para viver bem em seus locais de origem, sob as condições mais adversas, a exemplo dos esquimós no Círculo Polar Ártico e dos tuaregues, no Norte da África.

Haroldo explicou que as raças exóticas demandam um grande número de insumos externos e que as rações são tratadas com substâncias químicas e, segundo ele, não existe uma quantidade tolerável de agrotóxicos, “as plantas criadas com adubos químicos tem comprovadamente um valor nutricional menor, e se você produz a comida dos seus animais na sua propriedade, você tem o controle do custo do seu produto. É bom lembrar que ao comprar do agronegócio, estamos financiando aqueles que querem nos derrubar”, afirmou.

Sobre as mudanças climáticas, o pesquisador afirmou que a ação humana tem sido a grande responsável por estas mudanças e que é possível que o modo de vida capitalista, de consumo exagerado, leve o planeta a transformações irreversíveis.

A Oficina Raças Nativas na Agricultura Familiar Agroecológica tem o apoio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, Coordenadora Ecumênica de Serviço – Cese, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e do Centro Vocacional Tecnológico de Agroecologia e Produção Orgânica: Agrobiodiversidade do Semiárido – CVT.