Feirantes agroecológicos de Mogeiro partilham experiências

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 1 de março de 2019

Agricultores e agricultoras da Feira Agroecológica de Mogeiro-PB estiverem reunidos na ultima quinta-feira (28), na propriedade do agricultor José Carlos Rodrigues, mais conhecido como Zezinho, no Assentamento João Pedro Teixeira. Durante a visita, os integrantes da feira conheceram as formas de produção e organização da família do agricultor e realizaram também o planejamento da Feira Agroecológica de Mogeiro para o ano de 2019.

A proposta dos integrantes da feira é que, a cada reunião mensal, eles possam conhecer mais sobre as propriedades dos integrantes, com o intuito de compartilharem algumas técnicas de manejo e outras dicas que possam melhorar a produção. “A ideia da visita é justamente cada um puder contribuir com o outro. Hoje eu percebi que também tenho muito que mostrar na minha propriedade”, disse a agricultora Maria José da Silva Maciel dos Santos, mais conhecida como Branca, do Assentamento Padre João.

Ao passear pela propriedade, o grupo conheceu a produção animal da família: porcos, galinhas, perus, gansos e codornas e ainda uma diversidade de árvores frutíferas, com pés de caju, pinha, acerola, seriguela e umbu.  A cisterna do tipo calçadão do agricultor já está cheia, com as chuvas desses primeiros dois meses, ele já investiu na sua produção de macaxeira e cará.

O agricultor também possui uma prensa que serve para espremer a massa da mandioca, ela é utilizada pelas mulheres que produzem bolo para a feira e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Além da prensa, tem ainda o desoperculador que serve tanto para  auxiliar na peneiração da mandioca, como para a produção de mel. O agricultor também explicou como vem fazendo para preparar o solo para seu plantio. “Eu comprei há um tempo alguns microaspersores, eles são muito bons para irrigação. Não deixem a terra fofa demais e o preço é bem em conta”, disse Zezinho, já acrescentando que está planejando um sistema para retirar o cloro da água que abastece a comunidade.  “A água que está chegando agora na comunidade vem com muito cloro e não é bom para a produção na agricultora. Minha ideia é puxar a água até uma caixa d’agua e deixar essa água repousar por mais ou menos 48h, isso vai possibilitar a evaporação do cloro e assim eu vou poder utilizar na irrigação”, afirmou o agricultor.

Ao conhecerem a produção de macaxeira do agricultor, os agricultores e agricultoras sugeriram que Zezinho fizesse a plantação em curvas de níveis, ao invés de plantar de acordo com o sentido das águas. Essa é uma técnica de conservação do solo, permitindo que não haja degradação com a chegada das chuvas e nem perda de nutrientes da terra. Na propriedade, Zezinho fez o plantio de palma consorciada com o plantio de espécies como angico, jurema e mororó. Essa é uma técnica de plantio agroecológica que permite a diversificação e favorece a plantação.

“Zezinho é aquele agricultor que faz de tudo um pouco e tem os instrumentos necessários pra ajudar na produção. Isso é muito e estimula a gente a sempre melhorar”, disse o agricultor Severino dos Ramos Feitosa, do assentamento Dom Marcelo.  “A gente não faz ideia do que a gente planta e come sem precisar comprar. Isso também é economia. Aqui a gente tem o leite, tem os ovos, tem as frutas, tem o roçado e tudo isso é nosso”, falou Zezinho.

A assessora técnica do Centrac, Zilma Maximino, também falou da importância de envolver os filhos nas atividades da agricultura. “Em toda casa tem os filhos e tem a esposa, eles também precisam ser visibilizados, principalmente os jovens, porque eles precisam se sentir valorizados e saber que a família reconhece o trabalho que eles realizam na propriedade”, falou Zilma.

“Eu fiquei muito feliz depois que a minha filha participou dos encontros de jovens oferecidos pelo Centrac, ela sempre falava que não gostava e não se identificava, mas o encontro a fez perceber outras alternativas sobre o nosso modo de vida e hoje ela já começou a pensar diferente”, afirmou Banca.

Em seguida, os integrantes da feira discutiram sobre as estratégias de comercialização para este ano. Pensando na diversificação da produção, na pesquisa de preços, na divulgação da feira e com boas expectativas para o ano, que já teve início com chuvas. Ao término da atividade, Branca entregou algumas sementes de arroz, feijão, milho e coco catolé que trouxe do Encontro de Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as realizado no mês de fevereiro no Ceará. A agricultora participou representando o Fórum de Lideranças do Agreste (Folia).