Trabalhadores Rurais Sem Terra continuam presos na PB e entidades se mobilizam para sua libertação

Publicado por swadmin
Campina Grande, 20 de maio de 2009

Desde o dia 02 de maio, estão presos os dois trabalhadores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que participaram de uma ocupação com 60 famílias na Fazenda Cabeça de Boi, no município de Pocinhos, na Paraíba.

 

Um comitê de solidariedade aos presos políticos foi montado com a participação de diversas entidades, como a Diocese de Campina Grande, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (ADUFCG), o Centro de Ação Cultural (CENTRAC), a Consulta Popular e a Ouvidoria Agrária do INCRA-PB entre outras. O comitê está realizando visitas às autoridades como juízes e desembargadores responsáveis pelo caso, para tentar imediatamente reparar esta injustiça e autorizar a liberação dos presos.

 

A ocupação da Fazenda Cabeça de Boi ocorreu no dia  primeiro de maio, com a presença de 60 famílias Sem Terra, que lutam por um pedaço de terra para produzir alimentos. De acordo com a coordenação do MST, as famílias que participavam da ocupação amanheceram com tiros e vários policiais e pistoleiros cercando o acampamento. Sem mandado de reintegração de posse em mãos, os policiais colocaram fogo e destruíram todo o acampamento além de espancarem fortemente vários Sem Terra, barracos foram queimados com pertences das famílias e pessoas dentro deles. Durante o despejo ilegal, os policiais e capangas da propriedade, prenderam 7 pessoas, e dois destes acampados ainda permanecem presos na Casa de Detenção do Monte Santo, para onde foram transferidos depois de serem levados para a cadeia pública de Pocinhos.

Na manhã da segunda-feira (04/05), os Trabalhadores Rurais Sem Terra realizaram um ato em frente à delegacia do município de Poçinhos localizado a 30 km de Campina Grande na Paraíba. Os Sem Terra exigem a liberdade dos dois trabalhadores rurais que ainda estão presos, e denunciam as agressões e violência que marcaram o despejo ilegal que ocorreu na madrugada do dia 02 de maio.

 

A fazenda Cabeça de Boi foi declarada pelo Governo federal “área de interesse social para fins de reforma agrária”, em decreto assinado pelo Presidente da República em 4 de dezembro de 2008. A fazenda de 747 hectares de terra foi a área reivindicada pelas famílias sem terra que montaram acampamento as margens da BR 2030 vizinha a fazenda.

 

Em nota, a Direção do MST esclareceu os fatos do dia 02/05:

 

Esclarecimentos sobre os fatos ocorridos na madrugada de sábado (02/05)



1 – Na sexta-feira (01/05) 60 famílias ocuparam a Fazenda Cabeça de Boi no município de Poçinhos, área com 700 hectares improdutivos e de propriedade de Maria do Rosário Rocha. Essa propriedade já foi declarada apta para a desapropriação, mas a proprietária não aceita o valor da indenização.

 

2 – No momento em que as famílias estavam montando os barracos, pistoleiros e possíveis policiais sem farda começaram a rondar o acampamento e lançar tiro contra as famílias. Nesse momento o carro Fiat Palio, ano 2003, que servia de apoio ao movimento foi queimado pelos pistoleiros. Diferente do publicado pela imprensa, o carro não foi incendiado pelos acampados, mas pelos pistoleiros. O fogo colocado pelos pistoleiros feriu varias pessoas que estavam construindo seus barracos.

 

3 – Por volta das 3 horas da madrugada do sábado, a polícia militar fardada, sob o comando do Tenente Jonat Midore Ysak, cerca o acampamento e exige que os Sem Terra desocupem a propriedade. Além de o horário ser indevido para a realização de despejo, os policiais não levou mandado de reintegração de posse, assim sendo um despejo ilegal e sem autorização judicial.

 

4 – Durante o despejo das famílias, sete acampados são presos e levados para uma casa onde são violentados. Dentro dessa casa, querosene é colocado sob os sete Sem Terra, um deles encontrasse com uma queimadura de terceiro grau no braço.

 

5 – Depois os trabalhadores presos são levados para a delegacia de Poçinhos, onde dois ainda permanecem presos e cinco foram liberados após muitas agressões. No sábado por volta das 22 horas, os dois presos realizaram corpo de delito apresentando varias marcas no corpo, um deles apresenta fratura na costela. Os outros cinco irão fazer corpo de delito nessa segunda-feira, eles apresentam vários indícios de agressões físicas.

 

6 – Cinco Sem Terra ainda encontram-se desaparecidos.

Os conflitos no campo intensificaram nesse ano de 2009, onde varias ações de pistoleiros contratados pelos fazendeiros vem ameaçando as famílias Sem Terra que vivem embaixo da lona preta lutando por um pedaço de terra para produzir alimentos.

Movimento dos Sem Terra – MST/PB

Contato: Paulo Sergio (83) 9158 8821/ Dilei Shiochet 9939-1372 – Coordenação do MST