Representantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sustentável (CMDRS) de Mogeiro-PB, debateram sobre os riscos dos transgênicos e agrotóxicos durante uma oficina na manhã da quinta-feira, dia 01 de agosto. O momento foi facilitado por Madalena Medeiros, assessora técnica do Centro de Ação Cultural – Centrac que falou sobre as diferenças entre sementes crioulas selecionadas, as sementes híbridas e as geneticamente modificadas. A técnica trouxe ainda dados sobre a contaminação por agrotóxicos e transgênicos e seus efeitos, e sobre os mais de 200 agrotóxicos liberados no Brasil em 2019.
“Se no passado, muito se discutiu se deveria haver a liberação dos transgênicos pelo princípio da precaução, hoje as pesquisas já mostram que de fato existe o dano à saúde e às sementes nativas são concretos”, disse Madalena.
Os integrantes do CMDRS debateram ainda alternativas para protegerem suas sementes da contaminação como o uso de receitas naturais para o controle de pragas e doenças e sobre a necessidade de pensar em formas de ampliar o debate no município e ampliar os estoques de sementes das famílias agricultoras. De acordo com os agricultores, a principal porta de entrada das sementes transgênicas e tratadas com veneno em Mogeiro tem sido os programas de distribuição de sementes governamentais.
Seu Antônio Rodrigues da Silva, do Sítio Gaspar, conta que em sua propriedade de 15 hectares nunca usou veneno, muito menos sementes transgênicas, pois sabe que fazem muito mal. O agricultor mostra preocupação com as notícias de mortes de abelhas: “Se continuarem usando veneno como estão, vamos matar todas as abelhas e aí vamos morrer todos de fome, porque são as abelhas que dão comida à gente”, afirmou.
Já seu Manoel Antônio da Silva, do Assentamento Dom Marcelo, defendeu a mobilização das comunidades contra o avanço dos transgênicos através das sementes vindas de fora: “O primeiro assentamento a se reunir e a dizer que não ia querer as sementes distribuídas pelo governo foi o Dom Marcelo, começamos a nos acordar e montamos o nosso próprio Banco de Sementes, pois a gente sabia que essa semente não faz bem”.
Após o debate, o CMDRS tirou como encaminhamentos para conter o problema no município a realização de reuniões com as associações comunitárias para multiplicar essa discussão, a promoção de uma capacitação sobre o manejo ecológico para o controle de pragas e doenças e a convocação da Câmara de Vereadores para estar presente em outros momentos de formação e cobrando da gestão municipal apoio à agricultura familiar.