Manejo de pragas e doenças é tema de oficina em Assentamentos de Campina Grande

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 6 de junho de 2022

O Centro de Ação Cultural – CENTRAC realizou um ciclo de oficinas sobre o Manejo agroecológico de pragas e doenças nos Assentamentos Pequeno Richard e José Antônio Eufrouzino (Logradouro e Monte Alegre), município de Campina Grande, entre os dias 1 e 3 de junho.

Participaram das oficinas 54 agricultores e agricultoras familiares com o objetivo de refletir sobre as razões do surgimento das pragas e doenças, compartilhar os conhecimentos sobre as formas agroecológicas de manejá-las e debater acerca dos problemas causados pelo uso dos agrotóxicos à saúde e ao meu ambiente.

Na oficina realizada no Assentamento Pequeno Richard, no dia 3 de junho, houve um debate sobre os malefícios do uso de agrotóxicos. As assessoras técnicas do CENTRAC, Ana Elisa Oliveira e Jarcira de Oliveira, trouxeram dados sobre os agrotóxicos mais utilizados no Brasil e os danos causados ao meio ambiente e as pessoas.

Em 2017, o Brasil utilizou 60 milhões de litros de glifosato na lavoura. Esse número só foi crescendo e atualmente 1.654 novos agrotóxicos foram liberados, destes cerca de 28% deles considerados extremamente, altamente ou medianamente tóxicos para a saúde humana. “O Brasil é um dos países que mais usa agrotóxicos no mundo, inclusive agrotóxicos que já são proibidos em outros países”, afirmou a técnica Ana Elisa.

Em seguida, os agricultores e agricultoras identificaram nas suas propriedades as pragas e doenças mais comuns, como o percevejo, o gafanhoto e a lagarta, e as receitas que já utilizam. “A gente pega o fumo, bota dentro da água deixa dois dias e bota na lagarta. É o remédio melhor que tem”, falou a agricultora Francisca de Araújo.

Ao lembrar de como seu pai lidava com a terra, o agricultor Reginaldo Terto da Silva contou como ele retirava as lagartas do jerimum. “Eu aprendi com meu pai que a gente opera o jerimum. Tira a lagarta e depois fecha com terra. Nesse tempo não tinha essas coisas de veneno não e também tinha pouca praga”, disse o agricultor.

“Antigamente não tinha muita praga porque elas tinham mais diversidade de plantas para se alimentarem, não tinha tanto desmatamento e tínhamos muitas cercas vivas nas propriedades como o aveloz, o melão São Caetano, que são plantas repelentes e ajudam a afastar as pragas” reforçou a assessora técnica Ana Elisa, que também reforçou a importância dos conhecimentos dos mais antigos em relação as receitas naturais par ao combate de pragas e doenças.

A equipe técnica construiu junto com os participantes caldas e defensivos naturais a base de produtos encontrados nos agroecossistemas das famílias agricultoras, como calda de nim, álcool e castanha de caju e defensivos a partir das cinzas de madeira e cal. Também foram entregues um caderno com receitas naturais e um informativo sobre o uso de agrotóxicos no Brasil. Os participantes pediram também uma oficina que trate sobre o combate à cochonilha.

A atividade faz parte do Projeto “Fortalecimento de sistemas alimentares com mulheres no semiárido paraibano” realizado pelo CENTRAC com o apoio da organização espanhola Manos Unidas.