CENTRAC completa 35 anos de existência em evento celebrativo e de solidariedade

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 4 de abril de 2023

Na última sexta-feira (31), foi realizado o lançamento do livro “Fragmentos de Tempos Vividos”, da jornalista e economista amazonense Marilza de Melo Foucher, juntamente com a exposição  “35 anos de luta por Direitos”, do Centro de Ação Cultural – CENTRAC, dentro da programação do 11º Sarau das Humanidades, promovido pela  Universidade Federal de Campina Grande. Com o tema “Ditadura Nunca Mais”, o Sarau contou ainda com apresentações musicais, apresentação de documentário e também com a exposição “Dita Dura Nunca Mais”, do cartunista Fred Ozanan.   

O Dr. Fernando Garcia de Oliveira, professor titular do departamento de Economia e Finanças da UFCG, aposentado e assessor do Movimento dos Atingidos pela Barragem de Acauã, na Paraíba, deu as boas vindas e fez a apresentação da autora Marilza Foucher ao público.

Radicada em Paris há mais de 40 anos, Marilza passou a atuar no jornalismo político e internacional, colaborando desde 2008 com o Jornal Mediapart-Paris, onde já escreveu uma centena de artigos. No Brasil colabora com os jornais Brasil 247 e Correio do Brasil-CdB. Nesse novo trabalho, “Fragmentos de Tempos Vividos”, apresenta mais de 30 crônicas curtas com memórias pessoais e vivências em Paris.

Enquanto representante da organização francesa CCFD-Terra Solidária no Brasil, foi personagem fundamental em determinado momento da trajetória do CENTRAC, apostando na capacidade de sua pequena equipe para assumir projetos sociais não apenas locais, mas também estabelecendo estratégias de articulação e intercâmbio das lutas sociais na América Latina, abrindo as portas para a organização no Cone Sul, quando o CENTRAC se integrou ao Programa Mercosul Social e Solidário – PMSS.

“Naquele momento o CENTRAC trabalhava com a organização da sociedade para a intervenção nas políticas públicas, estávamos vivendo um momento de redemocratização, dos 80 aos anos 90. Esse era um processo importante e o CENTRAC abraçou, naquele momento, a luta para entender o orçamento público, torná-lo acessível à sociedade e mostrar que era importante a gente compreender esse orçamento, para que a gente pudesse ter a garantia de políticas públicas. E essa era nossa tarefa também junto ao Programa Mercosul Social e Solidário.  E assim a gente agradece a Marilza porque esse foi um momento importante para a nossa instituição, criou condições da gente ter uma visão muito maior da política, da luta por direitos e fez com que nossa instituição hoje tivesse um histórico de atuação nessa temática”, afirmou a coordenadora do CENTRAC, Maria do Socorro Oliveira.

Socorro também acrescentou: “Nesses 35 anos do CENTRAC, nós tivemos várias equipes, várias pessoas que contribuíram com essa instituição. São 35 anos de muita luta e de resistência e tudo isso é reflexo das pessoas que nos apoiaram, pessoas como Marilza que mais uma vez está  aqui de forma solidária, colaborando conosco, fazendo doação das vendas de seu livro para o CENTRAC”, concluiu.

“Falar de Marilza é falar de uma geração no período pós ditadura, quando ela já estava em Paris, ela olhou para seu país, para o nordeste. E quando eu falo de Marilza, eu falo também de Chico Mendes, Margarida Maria Alves, Thiago de Mello, Paulo Afonso, toda essa geração com a qual conviveu e apostou e que não está mais conosco, mas que nos dão energia e força para continuar nas próximas gerações”, ressaltou Raimundo Augusto de Oliveira Cajá, sócio fundador do CENTRAC.

Durante sua apresentação, Marilza contou sobre suas inspirações na vida e na carreira. “O mês de março para mim é muito especial, nasceu meu pai, nasceu Thiago de Mello e eu tive que sair correndo da ditadura, isso é muito forte na minha trajetória”, ressaltou a autora. Marilza afirmou que seu primo, o poeta Thiago de Mello foi um grande incentivador dos seus poemas e a segunda pessoa foi seu pai, que sempre estava com um livro na mão e que, ainda em vida, pediu que Marilza escrevesse livros como forma de presentes para ele.

“Eu sempre fui uma subversiva adversária política do meu pai, que era um reacionário, mas que me ensinou o exercício do debate contraditório e ao respeito ao adversário, o debate com civilidade. O que hoje falta do Brasil, eu estou apavorada com o que está acontecendo no meu país, eu espero que a gente dobre essa página triste da história, como nós pudemos dobrar da ditadura. Ditadura nunca mais, fraternura sim!”, ressaltou Marilza. 

A turnê da autobiografia, que já passou por Manaus, Belém, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Campina Grande, se encerra em Fortaleza – CE, no dia 4 de abril. A exposição do CENTRAC permanecerá na UFCG durante todo o mês de abril e está aberta para visitações, no Centro de Humanidades.