Intercâmbio Agroecológico Fortalece Agricultoras e agricultores do Agreste Paraibano

Publicado por Thaynara Policarpo
Campina Grande, 2 de outubro de 2023

Agricultoras e agricultores de quatro municípios do Folia se reúnem em Esperança para trocar experiências e fortalecer a produção agroecológica

Na última sexta-feira (29), agricultoras e agricultores feirantes dos municípios de Campina Grande, Mogeiro, Aroeiras e Puxinanã, todos integrantes do Fórum de lideranças do Agreste (Folia), se reuniram em Esperança, na Paraíba, em uma visita de intercâmbio de experiências. O objetivo foi conhecer a Feira e Quitanda agroecológica da região da Borborema, os processos de produção e comercialização de alimentos livres de transgênicos e agrotóxicos e visitar o sistema de produção de uma agricultora local.

O grupo, com cerca de 20 pessoas, foi recebido no Sindicato dos Agricultores e Agricultoras de Esperança, onde fica localizada a feira e a Quitanda, e se deliciaram com um café da manhã agroecológico, com tapioca, bolos, café, suco, pão de batata, produzido por Denise Marcelino, uma das agricultoras da feira. 

Após visitarem a feira, que atualmente conta com 4 barracas, se reuniram para discutir um pouco sobre o processo de comercialização. Marizelda Salviano, do Polo da Borborema, enfatizou a importância da troca de conhecimentos entre os agricultores e agricultoras. Ela destacou como a quitanda agroecológica permitiu a venda de sementes a um preço justo. “Depois da quitanda, começamos a comercializar polpas de frutas, flores. Antes, não dávamos muito valor ao que tínhamos ao redor de casa, desde plantas medicinais até plantas ornamentais. Aprendemos com os intercâmbios e com outros agricultores e agricultoras, além de receber apoio do Polo e da AS-PTA, que nos incentivam constantemente”, afirmou.

Após conhecerem esses espaços, os participantes compartilharam conhecimento, se apresentaram e esclareceram dúvidas sobre o processo de produção e comercialização. “Para quem é agricultor, a comercialização é muito importante. Trabalho com isso há cerca de 10 anos, desde a chegada da cisterna de produção. Tenho verduras para vender e para alimentar minha família”, disse Reginaldo Bezerra, agricultor de Aroeiras.

A jovem agricultora Denise, que também é apicultora e coordenadora do espaço da feira, compartilhou sua experiência. “Não é fácil viver da agricultura, mas continuamos firmes. Mesmo com poucas barracas, não chamamos de ‘feirinha’ porque valorizamos nosso trabalho. A feira já foi maior, mas perdemos alguns companheiros durante a pandemia. Mesmo assim, persistimos e nos renovamos a cada dia”, destacou.

Ela ressaltou a importância de participação nas reuniões da feira e a importância do sindicato, que têm prestado grande apoio. Além disso, discutiu-se sobre o fundo de feira, o regimento interno e a dinâmica de rotatividade dos produtos.

Wagner Santos, assessor técnico da AS-PTA Agroecologia, enfatizou que “não há feira sem empenho coletivo” e abordou a certificação orgânica. 

Em uma segunda etapa do intercâmbio, o grupo visitou a propriedade da agricultora Ligória, na comunidade Lagoa de Sapo. Lá, puderam conhecer sua produção agroecológica e criação de animais, além de ouvir seu relato sobre as dificuldades enfrentadas e o processo de comercialização, incluindo o uso de tecnologias sociais para a produção de alimentos saudáveis.

Ligória produz bolos com um fogão agroecológico e fornece alimentação para formações e para a comunidade. Para o almoço do grupo, ela preparou pratos como macaxeira, jerimum, salada de alface, salada com batata inglesa, cuscuz, galinha de capoeira, peixe e feijão, todos provenientes de seu quintal e alguns produtos vindos da quitanda. 

O intercâmbio agroecológico não apenas fortaleceu a rede de agricultores do Agreste Paraibano, mas também ressaltou a importância da agricultura sustentável e da cooperação entre comunidades para o desenvolvimento da região. A atividade faz parte das ações do projeto “Articulando atores locais para a construção de políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional”, desenvolvido pelo Centro de Ação Cultural – CENTRAC com apoio de Misereor.